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A destruição das matas nativas

Euseli dos Santos
Publicado em 22/06/2021 às 19:57Atualizado em 18/12/2022 às 14:51
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Há um pouco mais de um ano convivemos com o cenário aterrorizante da pandemia da Covid-19. Todo planeta está inserido nesse triste cenário. A humanidade teve que se adaptar e aprender a conviver com o perigo iminente de um vírus, que nosso corpo ainda não tem imunidade.

Diariamente, são transmitidos comunicados alarmantes sobre o número de vítimas em decorrência da Covid, que só se compara a períodos de guerra. E, junto com os mais de 400.000 brasileiros mortos, estão as matas nativas, lutando também bravamente pela sobrevivência. A batalha contra o desmatamento acontece há décadas, só que a prática ilegal chegou a seu ápice nos últimos dois anos, desde o início da gestão do atual governo.

Mais de 11.000 km de área verde foram devastados entre 2019 e 2020. Assim como as vidas humanas, as matas estão sofrendo sem dó nem piedade. São milhares de quilômetros dizimados mensalmente e o governo federal observa, de camarote – sem máscara –, a natureza falecer ao som de máquinas gigantescas, feitas para abater o que vê pela frente no menor tempo possível.

O desmatamento é tão calamitoso quanto a morte de milhares de vidas humanas. Você, caro leitor, pode pensar que é analogia exagerada. Porém, isso não se aplica quando estamos falando do planeta. A destruição de grandes áreas atinge todo o ecossistema. A biodiversidade se extingue, o ar pode ficar insustentável, os animais perdem seu habitat natural e, com isso, toda a cadeia é impactada. Sem as matas, tudo perece aos poucos, em um sofrimento lento e doloroso.

Portanto, estamos vivendo um genocídio das vidas humanas em nosso país em paralelo às matas nativas. Se a vida dos brasileiros parece pouco importante ao chefe do Executivo, o que significa dizimar as matas para ele? Penso que a resposta é óbvia diante do aumento do desmatamento, o que me leva a perguntar “onde está o homem de bem?”.

Para mim, o significado de homem de bem seria aquele que é justo, solidário e bondoso. Foi isso que aprendi com meus pais e são esses valores que transmito ao meu filho. Porém, parece que o dirigente encontrou outros significados. Talvez ele precise comprar um novo dicionário, pois parece que o dele está desatualizado ou acredito até que esteja faltando muitas páginas. Enquanto ele não ressignifica seus critérios éticos e morais, nossas matas vão fenecendo diariamente pela máquina impiedosa do Estado.

Euseli dos Santos - Advogado em Uberaba/MG- OAB (MG) 64.700; mestre em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp)

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