ARTICULISTAS

Exclusão e inclusão

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 09/02/2024 às 19:57
Compartilhar

A palavra excluir tem sentido de desprezo, de abandono e de esquecimento. Na vida social, onde são envolvidas as pessoas humanas, a conotação se torna muito mais grave e evidente, porque alguém é colocado fora da convivência e relacionamentos pessoais. Mas uma doença física também pode causar distanciamento de quem a leva consigo, principalmente as mais graves e contagiosas.

Pelo contrário, incluir significa recuperar o que foi perdido da convivência entre os seres humanos. Na prática de Jesus, além de curar o doente e de inclui-lo, suas atitudes eram também de salvar espiritualmente a quem estava perdido, distante das pessoas e de Deus. É justamente por isto que Ele disse diante do leproso que lhe pedia para ser curado: “Eu quero: fica curado” (Mc 1,41).

A lepra era uma doença excludente. O leproso deveria ficar isolado para não contaminar os outros. Hoje já é diferente, porque essa doença é controlada pela medicina. Atualmente, há doenças mais graves de exclusão. Talvez a maior delas seja o atual desequilíbrio econômico e social, o acúmulo desenfreado e desnecessário, que impede a possibilidade de vida digna da maioria da população.

Nos últimos tempos, temos deparado com muitas atitudes destruidoras da estabilidade comunitária e individual, desmontando a serenidade da vida social. As polarizações políticas e religiosas vêm contaminando as pessoas, gerando distanciamento, agressividade e até morte. O que sobra mesmo é a exclusão, porque grande parte das famílias estruturadas acaba perdendo o vigor da unidade.

A comunidade cristã deve ser espaço de fraternidade, de inclusão, onde não cabe atitude de privilégios pessoais que sacrifica a convivência e a harmonia entre os membros. Por outro lado, existem pessoas que se isolam naturalmente e ficam em atitude de excluídas, porque não participam daquilo que solidifica o ambiente e nem contribui para que haja uma convivência saudável, fundada no amor.

Na visão do Papa Francisco, confirmada por ele na Carta Encíclica intitulada “Fratelli Tutti”, todos somos irmãos. Isto é sinal concreto de que não pode haver espaço para a exclusão de ninguém na comunidade. Se acontece, é porque falta autenticidade pessoal, sensibilidade cristã e coerência de fé. Nos ensinamentos de Cristo e na sua prática de vida, procurava incluir os excluídos do convívio.

 Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por