ARTICULISTAS

Capacidade de escuta

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 09/05/2025 às 19:40
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Assistimos ao passamento do papa Francisco. Hoje ele já não existe mais. Deixou-nos um rico legado de palavras, de escritos, de documentos, formando uma fecunda e ampla literatura. Além de tudo, ele fez acontecer a experiência da sinodalidade, um caminho de escuta, onde cada pessoa tem muito a oferecer, mas precisa saber ouvir o outro, um se colocando na frente do outro para dialogar.

Na verdade, papa Francisco se espelhou na Pessoa de Jesus Cristo, o Bom Pastor, aquele que sabia acolher todas as pessoas que encontrava, sem fazer distinção e sem discriminação, e as ouvia com atenção. Assim deve ser todo aquele que se coloca na tarefa de pastor, de ter os ouvidos abertos e sensíveis diante dos múltiplos e complicados problemas apresentados pelas ovelhas de seu rebanho.

 O mandato de Jesus Cristo Ressuscitado foi escutado pelos primeiros evangelizadores e o cristianismo se espalhou para além das fronteiras do povo judeu, nos dizeres do Livro dos Atos dos Apóstolos, “e até os confins da terra” (At 1,8). Todos os frutos da escuta devem estar apoiados no testemunho de vida de quem anuncia a Palavra. Assim aconteceu com os discípulos oculares do testemunho de Jesus.

A fé é uma semente que vem do batismo, mas é alimentada pela escuta do anúncio e a dinâmica da Palavra de Deus. Faltando essa escuta, o cristão cai no comodismo e no indiferentismo diante da mensagem do Evangelho. Por outro lado, escutar é comprometer-se com a verdade, a justiça e o amor, que são características próprias da identidade de Deus, que fala, com voz forte, no coração das pessoas.

A mensagem bíblica tem o sentido de clarear a mente dos ouvintes em relação aos ensinamentos do Senhor, principalmente diante da situação de indignidade de todo ser humano, quando está mergulhado nas marcas da injustiça e das inverdades. Ouvir Deus falar, através dos comunicadores da Palavra, é descobrir qual é o destino da humanidade, que tem foco na vida plena e eterna.

Existe também a voz dos mercenários e inescrupulosos, que camuflam a voz do Pastor e usam dela para sua promoção pessoal. As mentiras são causadoras de divisão, porque sua fonte não tem sustentação. Mas são ouvidas pelos ouvidos despreparados e de fácil manipulação, gerando até contestação ao ensinamento do Senhor. Tentam transformar as mentiras, fake news, em verdades.

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