Tem coisas que quando falo já ouço dela que isso é coisa de Guarabira, mesmo que tenha nascido em João Pessoa e morado na Rainha do Brejo apenas por três anos, dos sete aos dez anos de idade. Mas, como Guarabira não sai da minha boca, quem faz a fama deita na cama.
Só que também desconto, me vingo, quando ela diz ou faz algo diferente do habitual da cultura paraibana. Daí ela ouve ser isso coisa de Pernambuco, mais precisamente de São Lourenço da Mata, como é o caso agora da tapioca rendada, que realmente depois de pronta fica parecendo a renda do balé “Mulher Rendeira”, de São João do Piauí.
Eis a receita e seu modus operandi: Rala-se queijo coalho pré-cozido (do que assa) e deixa dar uma fritadinha;
Polvilha-se “A Massa” de tapioca, da mãe, cantada no sucesso de Raimundo Sodré;
Vira-se a tapioca na juntada dos lados; nem tanto como na dança do Vira, de Portugal. Se bem que o sobrenome da Jô Guimarães mais português impossível;
Põe-se o recheio a gosto e de gosto, fecha a iguaria e abre-se a boca.
Já se pode ver como fica o estrago. Preparem-se para transgredir um dos pecados capitais, pois a gula é quem ditará as regras desse jogo de sabor dos deuses.