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Por onde anda o “patrimônio histórico” da saudade?

Arahilda Gomes
Publicado em 30/11/2024 às 19:02Atualizado em 30/11/2024 às 19:23
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Data propícia para balancete geral do ano, que se finda tão depressa, tornando-se passado, é quando não temos mais folhinhas do calendário para repassar. Assusta-nos as paralelas percorridas nem sempre de mãos dadas, mas erguidas, nada em gestos complacentes. Aguça-nos a entrada e saída de poucos saldos na balança do tempo. Ou nos alegra os feitos alcançados, se honestamente, porquanto, de forma negativa, caem no esquecimento ou entram na roda-viva de que todo mundo faz e por que eu não faria?

Pessoas há, dizem, não gostar do Natal ou considerar dia comum em que se resolve festejar mais para fins comerciais do que para fins solidários. Aquele pregão de Feliz Natal, dito maquinalmente, são enxurradas a se submergirem na apatia da indiferença.

Ah, como era bom acreditar em Papai Noel, quando a humanidade respirava ar puro da comunhão entre amigos e familiares!

Daí a clássica pergunta: mudou o mundo ou mudamos nós?

A parafernália humana tornou-se egoísta, má, escrava do somente “ter” em detrimento do “ser”? Mas a História narra os tempos ignorantes do obscurantismo, a saga dos Impérios, a ambição dos povos, e isto já não bastaria para considerar os tempos de hoje, férteis e brilhantes, na evolução da humana raça?

Não é preciso retornar tanto à linha do tempo para que nossa saudade se torne “patrimônio histórico” de sentimentos e emoções. A terra fez-se pó, enrijeceu o coração do homem. A decapitação de florestas inteiras, o alagamento de rios afogando seres e coisas, a natureza ensandecida afagando tempestades, carreando tudo em debandada. A queima de verdes pastagens sangra a natureza lacrimosa. O cerceamento da liberdade faz do direito de ir e vir grande utopia. As guerras dizimam inocentes, vitimando crianças ou enredando-as em trabalhos forçados, formas espectrais da desatinada raça humana. Valores familiares oxidam-se ao sabor do tempo, na degradação das paixões. Aquela saudade de outrora constituído “patrimônio histórico” e reconhecida pelo binômio sentimento-emoção, creditada sob a patente do amor e da paz, hoje, aqui jaz!

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