ARTICULISTAS

Pobre Brasil rico

Arahilda Gomes Alves
Publicado em 09/04/2024 às 17:42
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Dois temas que não faço deles páginas de análise, porque, assiduamente, capengam pelos “horizontes do Brasil”. Lembro-me, sentada nas carteiras escolares, das nossas aulas de Canto enriquecidas de mensagens de exaltação à pátria. Villa Lobos e poetas transferiam sua alma cívica e patriótica para o encontro de cabecinhas ávidas do saber: “Brasil, teu povo é forte como é grande a tua terra” ... “Oh, meu Brasil, és a Canaã” ... “Que essa terra forte há de ser nossa até morrer, porque nos viu nascer!”.

A impressão era sempre de homens sérios, encarando não só o patriotismo, mas a cidadania como “berço de heróis”.

Frases excessivamente entre aspas, porque pairava magnetismo por essas bandas de um “Brasil novo/Brasil amado/Brasil gigante... Teu rico pendão verde amarelo/Sereno e belo” ... Guerrilhas, muitas, faziam de cada brasileiro enfrentando campos de batalha e de suas famílias, galardões históricos de se orgulhar por ele.

Hoje, ante páginas e mais páginas recheadas de vergonha construídas por homens da... nação (Atentem ao cacófato), esse belo cenário tornou-se despedaçado. Quase não se pode diferenciar o corrupto do honesto. A idoneidade moral busca sua cátedra naquele que pratica toda sorte de superfaturamentos em delações premiadas para sair ileso do mal praticado à Nação. Toda sorte de mazelas, que fogem aos direitos de uma Constituição, hoje, expurgada, doentia, geneticamente inflada de vícios e vírus, que se agigantam, tomam de assalto a essa pátria em forma de coração. Descasos em todas as áreas da ação humana, que se contorce de indignação ante frases de efeito. Dos que se locupletam nas vestes de carneirinhos, cabeças de algodão, nos enriquecimentos ilícitos. Descaso para com os trabalhadores braçais, os doentes, os mal-alimentados, os educadores, que são, segundo esses falsos salvadores da pátria, os culpados de infrações oriundas das transparências de agora (?). As inflações galopantes, na visão de falsos gestores da nação, não passam de inflamações cujas bandagens (de falsos mecanismos) trarão de volta os tesouros violados ante profanações, quase inextinguíveis de inchaços e estouros, porque arrojados projetos em papéis “superabundam”!

Na indignação de pessoas em movimento para uma pátria igual para todos, volto às palavras cruzadas, onde a indagação persiste na frase de Stefan Zweig: “Brasil, um país do futuro” ...

 Arahilda Gomes Alves
Cadeira 33 da ALTM

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