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Os mineiros de abril

Arahilda Gomes Alves
Publicado em 02/04/2024 às 18:33
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Coincidência das mais brilhantes é trazer à tona os grandes nomes mineiros, que a História registra, neste mês que se inicia. Se o Brasil foi descoberto em 21 de abril, lembrado até em marchinha carnavalesca de outrora: “no dia vinte e um de abril/Três meses depois do carnaval”... não veio a música criticar a nossa história, de que aqui seja o país do carnaval, onde tudo acaba em samba e rebolado.

Retorno à narrativa que dá título à crônica: Esse dia do descobrimento fixa o Dia de Tiradentes, o inconfidente que deu sua cabeça e o corpo esquartejado pelo sacrifício de ver uma pátria livre do jugo português e que fora denunciado pelo seu homônimo Joaquim Silvério dos Reis em troca de sua dívida em ouro à Coroa Portuguesa.

Nos meus tempos escolares – a data era sempre comemorada –, expunham a foto de Joaquim José da Silva Xavier tendo sua cabeça envolta com a corda que o enforcara, barba e cabelos longos, mais semelhante à figura de Cristo de que a de um alferes da Cavalaria militar, de cabelos e barba cortados.

A Conjuração Mineira, do século XVIII, precisamente em 1789, mas iniciada dez anos antes do fato histórico, tivera nomes consagrados entre poetas, escritores, advogados, sacerdotes e artistas.  Quase todos deportados. Mas Tiradentes sofrera castigo maior. Poupou seus companheiros, oferecendo-se em holocausto à Pátria, e séculos depois fora lembrado como herói. Se a História, hoje em dia, sucumbe à política, negando a ética e a moralidade, não passa pela cabeça de homens voltados à ganância do poder cantar os versos da Independência: Ou ficar a Pátria livre/Ou morrer pelo Brasil.

Juscelino Kubitschek, o que cumpriu a meta de se construir Brasília, não mais está para assistir aos sessenta e três anos de sua criação. Afastado pela política reinante da época, fora proibido de rever Brasília, choque que o teria matado, não fora o acidente de carro em noite tenebrosa, ceifando a vida de mais um mineiro, sempre lembrado através do Memorial JK. Estátua de mais de quatro metros, onde o braço erguido saúda a gente brasileira, que também o consagra.

Tancredo Neves, com quem meu saudoso esposo convivera em São João del Rei, aqui nos visitara junto do saudoso Renato Azeredo, pai do ex-governador Eduardo Azeredo. Tancredo oferecera a diretoria do antigo Banco Bemge ao meu marido, que declinou do convite, com essas palavras: “Agradeço, mas não traio meus amigos!”.

Nosso Tancredo Neves, escolhido nas urnas como presidente, não tomara posse, tendo falecido em abril, oferecendo ao maranhense José Sarney e sua turma não só todo seu mandato presidencial, mas todo o Maranhão.

Aleijadinho, nosso Antônio Francisco Lisboa, esculpiu em Ouro Preto sua obra barroca em pedra-sabão e madeira, quase todas com motivos religiosos. A alcunha que o consagrara deu-se ao fato de ter sofrido uma doença – lepra – que deformara seus pés e mãos. E, para trabalhar, amarrava aos braços o martelo e o cinzel. Está enterrado na bela e rica igreja de Antônio Dias, em Ouro Preto, que tem imagens esculpidas em ouro.

Escolhidos versos a Minas Gerais em poesia: Toda Minas, a tocha acenando/Da esperança, na vasta amplidão/Canta hinos de glória entoando/Ilumina, da Pátria, o torrão./Grande Minas, de heroicas bandeiras/Consagrando no altar, a mensagem/Forte lema cortando barreiras/ Lendas vivas de paz e coragem/E na “Liberdade inda que tarda”/Vivo exemplo a cada cidadão/Sementeira da terra sulcada/Alma, corpo, mente e coração!

 Arahilda Gomes Alves

A.L.T.M. cadeira 33

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