ARTICULISTAS

Tropeço, "trupico", tropicão

Ani e Iná
Publicado em 09/10/2020 às 18:46Atualizado em 18/12/2022 às 10:11
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Quem nunca tropeçou na rua por estar checando WhatsApp ou respondendo a e-mails, que atire o primeiro celular!

Às vezes do nada, um pé torcido, uma pedra no meio do caminho, um buraco, uma distração e vem o tropicão.

A vida é cheia de tropeços, “trupicos” e tropicões. São diferentes.

Os tropeços da vida... isso é difícil de entender. Dependendo do tombo, só se recupera no divã do psicanalista.

Outro dia, tivemos um tropeço, ou melhor, um tropicão, quando, por erro de digitação, dois Mestres das artes – Hélvio Fantato, pintor, escultor e artista plástico de renome internacional e Milo Sabino, artista, ambientalista, produtor de teatro e cultura – tiveram seus nomes grafados erroneamente. Perdoem-nos! 

Cada um reage a cada tropeço da vida. Caim, que tropeção, quando matou Abel, assim como Judas quando traiu Jesus. Alguns nos deixam no chão. Tropeço é um passo em falso; “trupico”, um esbarrar; tropicão, um tropeçamento que nos derruba. Seja qual for, pé na estrada!       Questões da vida pessoal, afetiva, relações amorosas, discussões entre pais e filhos, problemas ligados a drogas e seus efeitos, autoestima, problemas sexuais, ou seja, os tombos da vida são fortes!

Quem já foi assaltado em casa, no trabalho ou na rua por um bandido descontrolado que nos derruba e temos o absurdo de agradecer por estarmos vivos?  O tropicão com um assaltante nos dói tanto que a alma sente mais, o coração fica dolorido, a vergonha e a humilhação são tamanhas que nem chorar conseguimos e fica difícil recompor o resto da dignidade que nos resta.  

Doenças que chegam na contramão, uma perda difícil de lidar, traição de uma amiga, uma comida salgada demais... E quando nossa voz é calada?

Sua imagem e nome já eram os chamarizes na vida intelectual e cultural, crônicas publicadas na cidade e região, quando nossa tia Iná de Souza sofreu um tropeção ao ver sua carreira abalada devido a um Projeto barrado na Biblioteca Municipal, onde atuava com distinção, oprimida por uma força contrária ao poder dominante. O tombo foi tão grande que se mudou para São Paulo e nunca mais voltou a sua terra madrasta.  

Quando crianças foram vários tropeços, “trupicos” e tropicões, caíamos e levantávamos. Mesmo quando muitos ralavam os joelhos, a brincadeira continuava.  Era nossa maneira de viver a vida. Exatamente aquela que vamos perdendo com o passar do tempo. 

Dois beijos...

Ani e Iná 

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