ARTICULISTAS

Nos palcos da vida

Anina
Publicado em 01/07/2025 às 17:38
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Só com a maturidade que percebemos que o tempo é um mestre, não um inimigo. A vida insiste em nos apresentar a velhice como um declínio, mas ela pode — e deve — ser encarada como um renascimento: um despertar para novas oportunidades, aprendizados e conquistas.

Até hoje, nunca compreendi quando alguém fala em crise de idade. Crise, para mim, é enfrentar uma doença na família ou em nós mesmos — esses, sim, são momentos que nos abalam e exigem força. Em tempos de calmaria, chegar aos 40, 50, 60, 70, 80 e, hoje, aos noventa, nunca deve ser motivo de incerteza. É muito egoísmo pensar em crise de idade quando você tem ao seu lado entusiasmo, projetos.

As crises existem e nos convidam a encarar aquilo que ainda precisa de equilíbrio e cura em nós. Vamos nos libertar dos padrões ligados à idade, profundamente enraizados, e inaugurar um novo modo de pensar — mais livre, mais autêntico.

Hoje está comum pessoas aos setenta anos procurarem uma faculdade para se aprimorarem e logo emendam um mestrado e um doutorado. O alemão Heinz Wenderoth conquistou aos 97 anos sua dissertação sobre células da vida marinha primitiva. O português José Saramago recebeu o Prêmio Nobel de Literatura aos 76 anos. Cora Coralina, a doceira poeta, publicou seu primeiro livro aos 75 anos. A escritora Adélia Prado, aos 89 anos, recebeu o Prêmio Camões de Literatura, em 2024. Fernanda Montenegro, aos 95 anos, tem dado um show de atuação trabalhando no rádio, na televisão e no cinema. Os garotões de 83 anos, Mick Jagger e outros, seguem rebolando nos palcos da vida em plena atividade e recebendo troféus.

Se na juventude temos a energia das descobertas, na maturidade temos as lentes que já viram o mundo em suas diversas formas. A vida é cheia de possibilidades em qualquer fase, e histórias como as de Saramago, Cora Coralina, Heinz Wenderoth e tantos outros mostram que nunca é tarde para aprender, criar, continuar ou se reinventar.

A idade é apenas um detalhe, o que realmente importa é manter a vibração pela vida, a persistência. Pessoas mais maduras que continuam traçando planos e acreditando no futuro são exemplos de vida e provam que sonhos não têm validade vencida. Eu e Ani nunca desistimos de nossos planos. Teimosia? Talvez!  Nunca passamos por uma crise de idade — sempre mantivemos o foco e propósitos.

O preconceito, muitas vezes, limita pessoas inteligentes que, influenciadas por visões equivocadas, enxergam a idade como fracasso ou declínio. Que possamos olhar para o tempo com confiança, acreditando em nosso potencial e abraçando os desafios — isso, sim, faz toda a diferença.

A maturidade traz liberdade, criatividade e coragem. Então, o que vocês, jovens de setentões em diante, estão esperando para começarem a realizar seus sonhos e continuarem no palco?!...

Dois beijos...

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