ARTICULISTAS

Na corda bamba

Iná e Ani
Publicado em 27/06/2024 às 19:08
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Se você já trabalhou em uma grande empresa, vai concordar comigo. É uma faculdade que oferece, além de excelentes salários e benefícios, uma constante evolução de oportunidades de desenvolvimento profissional.

Lembranças da minha entrada no Serviço Social da Indústria (Sesi) e de minha alegria em concurso escrito e oral, em Uberaba, na presença de três supervisores, vindos da capital, avaliando minha capacidade. Passando em segundo lugar, deixaram-me na expectativa, até me chamaram para mais provas, em Belo Horizonte. Excelente aprovação. Ani, aprovada em terceiro lugar, teve que assinar termo de desistência, pois não permitiam parentes, o que me deixou frustrada. Era uma cláusula do estatuto.

Foram 27 anos “batendo ponto”, trabalhando das 17h30 às 22horas. Se eu faltasse um dia, dispensavam os alunos que vinham da periferia assistir às aulas, após um dia de trabalhos exaustivos nas indústrias. Meu compromisso, laços emocionais falavam mais alto. Nunca faltei!

Foi uma trajetória de adaptações e mudanças, ministrando aulas na Educação de Jovens e Adultos; em seguida, removeram-me para a Educação Infantil; depois, Telecurso 2000; finalmente, voltando para a Educação de Jovens e Adultos. O curso fechava e os professores eram demitidos, mas eu insistia em permanecer na empresa Sesi, mesmo com tantas mudanças e desafios, para chegar à aposentadoria. Fácil? Quando temos paixão pelo que abraçamos, até as adversidades são aprendizados.

Com esses altos e baixos, muitas vezes, funcionários altamente qualificados recusavam sujeitar-se às novas propostas e horários. Administrar essas mudanças exigia novas habilidades pedagógicas, que não lhes interessavam, por isso se afastavam.

No meu caso, via com meus próprios olhos a decepção dos docentes ao receberem o aviso prévio, às vezes com 20 anos ou mais na empresa. Falta de humanidade? Talvez, mas estava previsto no estatuto. 

Era muita pressão. Eu trabalhava e estudava para me adaptar a outros cargos oferecidos. As constantes mudanças de área de atuação exigem capacidade de adaptação, flexibilidade e uma habilidade valiosa que não pode ser subestimada. Na corda bamba, girava como um pião, rodando em coloridas etapas. Inúmeras vezes, ficava três dias na capital, fazendo cursos de especialização, aperfeiçoamento, um verdadeiro upgrade, aprimorando conhecimentos. Misericórdia!

Nesses momentos de mudanças, era na minha irmã Ani que me espelhava, com seu dinamismo e capacidade de se recriar em suas aulas de Sociologia e Psicologia da Educação, no curso de Magistério da Escola Estadual Castelo Branco, ora como gerente na creche Pequena Casa de Maria, ora na presidência, como Orientadora Educacional. Ao vê-la em seus trabalhos diversificados, em áreas tão diferenciadas, minhas mudanças no Sesi pareciam fichinhas. 

Ani foi a maior motivadora em meus trabalhos profissionais. Era incansável, persistente. Como faz falta uma irmã, uma mãe, amiga, primo, familiar, talvez alguém de confiança com um conselho positivo para nos apoiar!  Fazem toda a diferença.

Esses padrões afetivos são essenciais para nos dar equilíbrio, oferecendo a motivação necessária para enfrentarmos desafios e conquistas.

Vamos sempre tentar oferecer suporte psicológico a amigas, filhos, netos, cônjuges, no momento de carência emocional, quando estão inseguros, necessitando de aconselhamento.

O valor da solidariedade e da importância de estar presente é a verdadeira essência das relações humanas. Ser amparo aos que amamos em momentos de insegurança é fundamental para o bem-estar emocional.

Essa troca de afeto é sinônimo de divindade.

Dois beijos...

 Iná e Ani

Ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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