ARTICULISTAS

Feixe de luz

Iná e Ani
Publicado em 02/12/2024 às 19:48
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Como é bom amar o nosso trabalho! Esquecemos até os problemas, porém, mesmo quando gostamos do que fazemos, a dedicação excessiva pode levar ao esgotamento obscuro se não houver um equilíbrio adequado. 

Falta de concentração, lapsos de memória, podem ser um reflexo de estresse acumulado ou até de um cansaço profundo. Apesar de cuidarmos da saúde, o volume de trabalho e a responsabilidade podem estar ultrapassando os limites saudáveis.

Eu e Ani trabalhamos muito, às vezes 8 horas, 12 horas, 16 horas ou mais. Jogávamos nossa energia em atividades de que gostávamos sem nos preocuparmos com o físico e o emocional. Aliados ao nosso trabalho, percebendo algum sinal no corpo, nunca ignorávamos e procurávamos mudar a rotina.

Esses momentos de pausa, sejam em encontros sociais, religiosos, culturais ou atividades simples, como passar o final de semana com a família, em um clube ou nada fazer, são preciosos, pois funcionam como respiros, evitando que a vida nos obrigue a parar de forma mais drástica.                 

Quando temos trabalhos com horários e atividades rotineiras, é necessário ter um antídoto para renovar a energia e dar perspectivas saudáveis para novos desafios. O equilíbrio entre trabalho árduo e férias que oferecem descanso físico e mental é um ato de sabedoria. 

Quando seu corpo dói, vem o susto. Nesse momento, seu alarme interno mostra a necessidade do descanso e a hora de parar e repensar. Isso não é fraqueza, mas respeitar seus limites. Acho até que às vezes o causador não é só excesso de trabalho, mas a própria vida familiar exige férias. 

Nossas válvulas de escape foram muitas, principalmente em São Paulo. Como verdadeiras bandeirantes, as longas jornadas eram de metrô, ônibus, procurando pedras e sementes para empreender em acessórios, o que nos proporcionava grande prazer, muito dinheiro gasto, retorno zero. De fato, permitir-se mudar de foco é um ato de autocuidado, não é apenas luxo, mas uma real necessidade para nos mantermos saudáveis.

Foi passeando naquela metrópole, conhecendo todos os bairros de São Paulo, que um feixe de luz entrou e, por meio dessas fissuras, ganhamos novas perspectivas que pareciam invisíveis. Através do primo Pedro Paulo Bogocian, diretor artístico-musical, roteirista de renome, é que conseguíamos ingressos para teatros, musicais no Sesc, palestras e feiras de livros em nível internacional.

À noite, nos botecos da rua Angélica, em frente ao Mackenzie, encontrávamos professores universitários, artistas de sucesso e poetas culturais. Tudo isso eram formas de cuidar da alma e de muito aprendizado.

Que tal pensar em resgatar algo que lhe proporcione a sensação de descanso e renovação?! Antes que o corpo fale, realizar gestos simples de mudar o ofício é como voltar a reacender aquela luz que nos guia, sem dor, reconectar-se consigo mesmo e com o que realmente importa. 

Quando o corpo fala, o susto e a rachadura inicial é que nos permitem enxergar caminhos novos, mais leves e iluminados. Na verdade, essas rachaduras podem assustar e causar dor, mas, como o cantor sensacional canadense Leonard Cohen escreveu tão poeticamente em uma de suas canções: “Há uma rachadura em tudo; é assim que a luz entra”. 

Reacenda a sua luz, mude o foco! 

Dois beijos...

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