Primeira vez na Europa e um conhecido se maravilhava com monumentos, igrejas, praças e outros que tais. Com tantos anos de história, há muitos fatos pelo caminho, que fazem cada lugar mais significativo.
No meio de tantos eventos listados por guias turísticos, panfletos e outras fontes, perguntava ele, com ar admirad É mesmo? E quem ganhou essa guerra? Quem lutava contra quem? E guerreavam por que mesmo?
Quando se fala sobre disputas locais, entende-se. Parece até engraçado um conflito ocorrido há centenas de anos porque a namorada de um olhou para outro. Quem diria que o mundo é o mundo, desde sempre?
Porém, quando se fala de guerras mundiais, entende-se menos. Na escola aprende-se quem estava com os Aliados, quem estava com o Eixo e quem ganhou essa guerra. Mas nem essas o amigo sabia. E com orgulho.
Terminava cada dia com um “a ignorância é uma bênção”. Poderia ser uma crença genuína ou, apenas, uma forma de justificar o próprio desinteresse geral. Ficou a constatação surpresa de que há quem eleja, propositadamente, esse estado de “não saber”. Questão de escolha.
Mas deve ser minoria. A maior parte das pessoas prefere conhecer o que se passa. Busca informação, quase freneticamente. Por isso, ao ver a situação atual, muita gente está desconsolada com o nível de corrupção corrente. O desgosto é grande, mas é possível encontrar um lado positivo.
Não faz muito tempo que existe essa rede mundial que permite a qualquer cidadão com acesso a um certo aparelho divulgar informação. E qualquer outro, com o mesmo aparelho, de entrar em contato com ela.
O que, hoje, parece uma hecatombe total de valores, instituições e ordem, se calhar, é apenas informação a mais. A coisa já estava mal, há mais tempo do que nossa ingenuidade nos permite supor.
Assim, embora a dor da constatação seja inevitável e, de qualquer forma, permitida, vale a pena dar o passo seguinte e sair dela para uma fase mais produtiva. É verdade que está tudo muito mal. Entretanto, talvez não seja porque tudo piorou.
Parece que tudo se deteriorou, mas é só porque, durante muito tempo, esteve tudo bem acobertado. Uma história bonitinha que passavam para nós a cada noite, bem embrulhada para ser digerida depois do jantar.
Agora parece que está ruim, mas, na verdade, está é começando a melhorar. Muito bom não está, mas deve estar melhor do que pensamos.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica
