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Muita Gente com a outra PTSD

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 25/11/2022 às 18:29Atualizado em 15/12/2022 às 22:57
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Coisa mais estúpida é agourar o piloto do navio em que estamos. Obviamente, se ele for mal, ou muito mal, caímos todos nas águas geladas. Mas é possível almejar seu sucesso sem perder o senso crítico.

Em viagem anterior, em meio a desconfianças, entramos no barco a contragosto e, mesmo torcendo muito para dar certo, tínhamos medo. E, é verdade, por algum tempo, parecia que o cidadão tinha criado juízo ou adquirido habilidades inesperadas e a coisa parecia ir bem.

Infelizmente, era ilusão e, após algum tempo de viagem, estouraram os problemas todos, até que os passageiros se revoltaram e colocaram aquela equipe de gestão para fora.

Eis que está lá o velho condutor de volta. Vem com menos vergonha ainda, e mais ousado nos enganos. Agora, não bastam as ideias desordenadas, vem mais cheio de certezas equivocadas e com um boleto na mão. Quase dá vontade de pagar para ele não fazer nada, ficar em terra, não chegar perto da cabine de controle. Fica mais barato, de certeza.

Sendo evidente a impossibilidade material de que a viagem corra bem, resta aos passageiros conviver com uma síndrome nova, mas da qual muita gente está sofrendo.

Muito se fala na PTSD (Post-Traumatic Stress Disorder – Síndrome de Stress Pós-Traumático), que acomete pessoas submetidas a situações de stress intenso. Coisa séria mesmo, como guerras, abusos e maus-tratos reiterados.

Por esses dias, muita gente está mesmo é com outra PTSD, a Pre Traumatic Stress Disorder – Síndrome de Stress PRÉ-Traumático, que acomete aqueles que sabem que vão passar pelo inferno. É sofrimento por antecipação.

Estamos subindo a ponte no passadiço, olhando para os lados, esperando um acontecimento qualquer que evite a tragédia. Vamos embarcar no Titanic, sem chance de descer, sem perspectiva de outro final que não seja a tragédia. Já vimos esse filme, o povo morre. Só ficam uns eleitos, e não somos nós.

Angústia, palpitação, sensação de desespero, há muito disso e mais uns quantos sintomas. Mas há uma ação que todos podem fazer, independente das convicções, goste-se ou não do capitão. Uma ação que beneficia a todos e ajuda a combater a PTSD. Fica para a semana que vem.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova

Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica

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