O menino devia ter uns oito anos, pouco mais ou menos. É como ele se lembra. Ele, assim como toda a cidade, já estava há muitos meses tomando seu café com leite com gosto de rapadura, essa maravilha proveniente da cana-de-açúcar, mas com gosto muito característico.
O pequeno assumiu a tarefa de conseguir ao menos um pouco de açúcar para toda a família e, para isso, passou o dia na fila. Literalmente. Se a memória não falha, foram muitas horas de pé, movendo-se vagarosamente até o momento mágico em que pôs a mão num pequeno pacote do cobiçado alimento.
A história é real; foi contada pelo hoje adulto Mário e, seguramente, está na memória de muitos que viveram aqueles tempos. A Segunda Guerra Mundial corria sangrenta, muito longe, mas os efeitos se fizeram sentir no mundo todo.
O açúcar era considerado um produto estratégico, seja pela capacidade de fornecer uma “bomba” de energia instantânea, tão necessária às tropas, seja pelo aspecto psicológico de conforto. Povo que come doce é povo mais feliz; desafio quem diz que não. Sem falar das outras aplicações possíveis no esforço da guerra e das dificuldades no transporte marítimo.
O fato é que faltou açúcar para a população em geral, e as pessoas tiveram que encontrar formas alternativas para adoçar a vida. A rapadura, o melaço da cana, o açúcar natural de frutas, o mel de abelhas e até adaptações em receitas, tudo estava em jogo.
Nesses anos todos, se o comércio internacional mudou, foi em escala e alcance, sempre para mais. A globalização segue firme e forte e é assim que qualquer casa do interior do Brasil pode ter produtos do outro lado do oceano todos os dias, se assim o desejar.
Ótimo! O comércio entre países é benéfico para todos. Quem está comprando e vendendo, de forma justa e ética, dificilmente vai entrar em conflito. A tendência natural é aparar arestas e encontrar formas de bem conviver.
Isso tudo a propósito de conflitos escalando em partes longínquas do planeta, porém com repercussões mundiais. Torna-se cada vez mais real a possibilidade de cada cidadão do mundo ter que enfrentar uma ou muitas filas, enquanto reza pelos povos diretamente envolvidos. Aliás, já se pode começar essa parte, que as notícias são aterradoras. Que Deus nos proteja a todos.