ARTICULISTAS

Um certo José

Ana maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 23/04/2025 às 18:35
Compartilhar

Era a década de 80. O grupo de jovens ia fazer uma pequena peça de teatro para representar eventos da vida de Jesus. Havia muitas moças e poucos rapazes, assim, algumas delas teriam papéis masculinos, mas, claro, todas queriam ser Maria. Para evitar problemas e favoritismos, a decisão ia ser por sorteio. E caiu-me “José de Arimatéia”.

Primeira reação: “Quem?!”. Ah, claro, o fariseu que, no dia da crucificação, reclamou o corpo de Jesus, preparou-o e enterrou-o. Era discípulo de Cristo, mas muito na surdina, já que seus pares no sinédrio não simpatizavam nada com as pregações do galileu. Nem me lembro da peça em si, além da invejinha branca da colega que ganhou a honra de representar a Mãe do Salvador.

Mas nada como um dia depois do outro e, com a idade e a vida, vem o reconhecimento do valor do que aquele José fez. No meio de uma situação caótica e desesperadora, ele teve os pés no chão para tomar providências práticas. Com grande risco para si próprio, foi a Pilatos e iniciou um plano prático para dar destino justo ao amigo que partia em condições tão grotescas.

Não fosse esse José, que fariam com o falecido? Poderia ser despachado junto aos outros crucificados do dia e terminar em situação pouco digna. Provavelmente, não seria num local resguardado e selado. Pela inspirada diligência de José, no domingo pela manhã, quando encontraram a pedra rolada e a tumba vazia, não houve dúvida nenhuma do que havia acontecido. Ele ressuscitou, sim! Estava aqui, guardado e encerrado, e não está mais!

O mundo despertou com a notícia do falecimento do papa Francisco. Não foi totalmente inesperado; ele estava lutando com problemas de saúde sérios, porém parecia ter melhorado um pouco, e até saiu do hospital depois de longa internação. No Domingo de Páscoa recebemos a bênção “Urbi et Orbi” (à Cidade e ao Mundo) e na segunda-feira, o desfecho.

Agora é a temporada de previsões apocalípticas, e comentários alucinados sempre chegam; alguns profetizando o fim do mundo. É a mesma velha estratégia: quanto mais medo, mais audiência. Mas também há os conhecedores, aqueles que explicam com calma – são como José de Arimatéia. A nós cabe rezar pela alma do Santo Padre e pela sucessão apostólica. Sem drama! Aprendamos com aquele José.

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por