É comum que empreendedores apoiem candidaturas cujas propostas favoreçam um ambiente propício a negócios. Nos Estados Unidos, o empresário mais associado ao primeiro mandato do presidente Trump era Mike Lindell, dono da empresa My Pillow, que vende travesseiros e mais aparatos para a hora de dormir, além de produtos para equipar a casa toda.
Lindell é, ele mesmo, uma figura impressionante, vencendo o vício em drogas pesadas e construindo um meganegócio. Dizem que o travesseiro em questão é uma obra de engenharia, e tudo o que Lindell vende é de qualidade. Além de vender, ele também é uma figura de mídia, atuante nas redes sociais.
Já no segundo mandato, que agora começa, Trump é visto com outro super-rico, um polvo em matéria de negócios, que fabrica carros, robôs e foguetes, além de tentar que cegos vejam e paralíticos andem. Sem falar no braço de notícias, como a rede X vem se firmando.
Na cerimônia de posse deste segundo mandato, Lindell, ainda um entusiástico apoiador de Trump, trabalhou atrás das câmeras, na transmissão pela sua rede de televisão, enquanto Musk acompanhou tudo a poucos metros dos eventos, inserido no círculo mais alto da nova administração. Se há algo que sinaliza o que serão estes tempos, talvez seja isso.
Trump começou em modo turbo espacial, assinando quase 200 executive orders, similiares às nossas medidas provisórias, ainda na noite da posse, e continuou nos dias seguintes, sem baixar o ritmo. No discurso e nas ações, Trump vem confirmando o que dizia na campanha, e muito mais além.
O que parecia uma proposta louca, comprar a Groenlândia, agora já vem sendo tratado como uma possibilidade, ainda que em termos mais suaves. Também a reconquista do Canal do Panamá já é discutida em termos práticos. Até do nome do finado Golfo do México ele tratou, o mundo foi apresentado ao Golfo da América.
Tudo ideias loucas, como loucos devem ter parecido os que, em outros tempos, se lançaram ao desconhecido e descobriram novos continentes, novos caminhos e novos povos, além daqueles que pisaram a Lua. Ninguém estava preparado para a intensidade deste início de mandato, e os próximos quatro anos, pelo jeito, serão loucos. Pelo menos até que, um dia, não sejam mais.
