Reunião de avaliação de desempenho, o terror da vida corporativa. Mas é inevitável; todos têm que passar por ela e o único consolo é saber que o chefe vai sofrer a mesma dor. Viva a democracia!
Entrar, sentar e ver o destrinchar infindável dos erros e acertos do último ano. Com sorte, ou preparo, haverá mais acertos que erros e a esperança de um amanhã.
Nem sempre é tão dramático: há empresas que levam o ritual a sério; outras, nem tanto. O fato é que não dá para viver muito tempo sem uma aferição regular de onde se está.
É o momento em que se estabelecem objetivos de curto, médio e longo prazo, parabeniza-se pelas conquistas e puxa-se a orelha, com muito profissionalismo, pelos escorregões.
Se o chefe é bom, vai aplicar a conhecidíssima estratégia sanduíche para conduzir a conversa. Consiste em cercar um comentário negativo entre outros positivos: um, antes; outro, depois da facada. É do jogo. Todos sabem que é assim; faça a sua parte no teatro, por favor.
Assim, primeiro vem o reconhecimento pelas contribuições, que sempre as haverá. Se não houvesse nada, provavelmente a pessoa não estaria ali, a não ser que seja sobrinho do dono, paciência.
Depois vêm os resultados deficitários, erros graves (os menores nem vêm ao caso, assumem-se, humanos que somos), momentos em que o prejuízo foi tão grande que se notou. A empresa sofreu mais do que o habitual.
Por fim, a nota final. Não é o fim do mundo; houve bons tempos, como não? E, além do mais, é a hora de desenhar um plano para os próximos meses. Não adianta nada essa viagem emocional se não houver um caminho claro e possível adiante.
Um certo profissional apresenta-se para o sacrifício anual. Vem preparado, é uma pessoa de números, gráficos, focado em resultados. E resultado há, mais precisamente, um grande nada: “Chefe, tenho o prazer de dizer que cheguei ao meu objetivo de ZERO nos últimos doze meses”. E o chefe diz: “Parabéns!”.
Chegamos a abril, mês da Segurança no Trabalho, com os desejos de um feliz ano com zero acidentes para todos.
Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica