Como dizia minha tia Maria, “quem diz que antigamente tudo era melhor está mentindo”. É o caso para quem gosta de estudar.
Há não muito tempo, quem queria aprender algo novo, ou se dedicar a aprofundar conhecimentos em algum campo específico, tinha que bater perna por aí até encontrar o que buscava. No processo, convinha manter os dedos cruzados, para a sorte ajudar. Além disso, pesava no bolso.
Já hoje, na era da informação, absolutamente qualquer assunto tem uma infinidade de conteúdo gratuitamente disponível, e algum mais à venda, nem é necessário sair do lugar para achar tudo. A dificuldade mudou; hoje o que é preciso é um bom filtro para selecionar o que vale a pena. É um agradável problema moderno.
E é assim que, no meio de um turbilhão de notícias ruins, pode-se mergulhar em períodos históricos já muito longínquos. As Cruzadas, por exemplo.
Desde as origens, começando pelo tabuleiro global àquela época, a cultura, a mentalidade, enfim, a cosmovisão dos cidadãos dos dois lados, viaja-se por uma jornada que, se tem em comum o fato de ter ocorrido com seres humanos, neste planeta, guarda mais segredos do que se poderia supor.
Muitos costumes da época chocam, ainda que fossem normais para qualquer cidadão médio. “Olá, querida, fui comprar suprimentos e, ali na praça, estavam enforcando um condenado. Pois é, mais um. Olhe, e aqui está o pão.”
É nesse cenário que se desenrola todo o drama, e a maior dificuldade é clarear os próprios vieses cognitivos para entender o que se passou. Senão, facilmente, cai-se no anacronismo de achar que “nossa, esse pessoal não respeita os direitos humanos. Onde está a ONU que não dá um jeito nisso?”
Outro choque é o ritmo a que tudo se desenrola. Entre acontecimentos, poderiam se passar 20, 30, 40 anos. Uma pessoa poderia nascer, crescer, casar-se, ter filhos e morrer num hiato que, hoje, vemos como um suspiro.
Ajuda a ter perspectiva e encontrar paz em tempos difíceis. Está ruim? E vai piorar? Vai custar muito para resolver? É da vida. Seres humanos fizeram coisas muito mais difíceis antes, com muito mais esforço. Agora é nossa vez.
E, assim como hoje se conta a providencial e arrepiante ajuda dos céus na batalha para conquistar Jerusalém, quem sabe que batalhas contarão gerações futuras sobre nós?