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A vida é confusa

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 03/02/2025 às 18:05
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Devido ao fuso horário, a cerimônia do Oscar acontece a horas impossíveis para quem está no Brasil. Os notívagos e os fãs entusiasmados conseguem acompanhar a transmissão completa; o resto se atualiza na manhã seguinte, pelos meios disponíveis. Em 1999, os meios em questão eram jornais impressos ou, mais imediatamente, a televisão ou o rádio.

Quem tinha que sair rápido de casa pela manhã, só contava com esse último para responder à pergunta urgente: Fernanda Montenegro ganhou como melhor atriz? E o filme “Central do Brasil” levou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro? O país estava parado, esperando essas respostas, por isso, aquele dia foi algo anticlimático.

Em São Paulo, os trajetos são, normalmente, longos, assim houve muito tempo para propagar, expandir, ou repercutir a notícia. Mas, nada. Do rádio, só informação sobre o trânsito, eterna cruz dos paulistanos. Ao fim do percurso, uma constatação óbvia. Com certeza, não ganharam, ou não se falaria outra coisa. A decepção veio por inferência; ausência de notícia é indício. No destino, colegas confirmam: aquele foi o ano da consagração do filme “A Vida é Bela”, ainda hoje muito apreciado e lembrado, e da coroação da estratégia dos estúdios Miramax, que conduziram uma campanha de sucesso para o filme “Shakespeare Apaixonado”, premiado sete vezes, incluindo o Oscar de Melhor Atriz para Gwyneth Paltrow.

É fácil esquecer que Oscar é atribuído por votação, assim os competidores definem suas estratégias, fazem campanhas e colhem resultados. Méritos artísticos podem ser considerados, ou não, e há injustiças históricas para demonstrá-lo. Hoje em dia, como em qualquer eleição, a voz dos fãs e dos “haters” (odiadores) se faz ouvir.

Aprecie-se, ou não, olhando para os concorrentes ao Oscar 2025, o filme “Ainda Estou Aqui” e a atriz Fernanda Torres, que já levou o Globo de Ouro, têm chance real de ganhar. E quem tentou argumentar contra no mundo virtual, com argumentos justos, ou não, recebeu uma valiosa lição grátis. Esteve em alta nesses dias o tópico “don’t mess with brazilians” (não mexa com os brasileiros). Se em 1998 não podiam fazer nada, agora estão no ringue, defendendo a honra nacional. Se essa estratégia caótica vai funcionar, ainda vai-se ver a 2 de março.

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