São quebradiças, esfareláveis e se desintegram com facilidade – assim são as rochas friáveis. Um solo composto majoritariamente por rochas assim torna a vida do caminhante dificílima. A quem ocorreria fazer um passeio sobre terreno tão pouco amigável? Pois, a muita gente.
Assim é o vulcão Rinjani, na Indonésia, onde morreu a brasileira Juliana Martins, após uma queda da trilha onde se aventurava, com várias outras pessoas, mais um guia a conduzi-las. Cair numa trilha não é acontecimento tão improvável; o problema foram todos os complicadores.
As cinzas e rochas no entorno onde caminhavam são frequentemente descritas como “esponjas de pedra”. É pisar e ver o pé afundar até o tornozelo a cada passo. Tentar andar normalmente pode levar, inclusive, a pessoa a se deslocar para trás; o terreno arenoso cede sob os pés e, caso a subida seja muito íngreme, vai-se caindo, cada vez mais.
No caso do Rinjani, com milênios de história, suas encostas estão cobertas por camadas e mais camadas de rochas e cinzas vulcânicas, algumas relativamente recentes (em idade de vulcão) e ainda muito instáveis.
Trilheiros profissionais e muito experientes têm toda a sorte de medidas para minimizar os riscos, que nunca serão zero. Calçados apropriados, equipamentos de apoio, técnicas de caminhada pouco naturais, mas muito mais efetivas, são formas de passar pela experiência um pouco mais facilmente.
Infelizmente, pouco ou nada disso foi disponibilizado à aventureira em questão. Quando caiu, ainda estava à vista e era possível perceber que se movia, mas, talvez na tentativa de voltar à trilha, ou apenas pela inclemência do terreno, ela continuou caindo, tornando o resgate cada vez mais difícil.
A resposta local não ajudou. Apesar de haver muito boa vontade, os recursos eram limitados, e as condições climáticas, complicadas. Todos esses fatores levaram à demora e, por fim, ao insucesso. Resultados já divulgados da autópsia confirmam as múltiplas fraturas sofridas nas quedas.
Certamente há muito ainda a conhecer e a aprender com o triste evento. No embate entre rocha friável e a jovem saudável, a natureza cobrou seu preço. Assim são os acidentes: uma sucessão de infortúnios, incredulidade inicial e, por fim, a violenta realidade se impõe. No momento, fica a tristeza pela perda tão jovem. Que Deus dê forças à família.