Pássaros invadem as cidades em busca do último refúgio, sem saber que num futuro não muito distante
“Pássaros invadem as cidades em busca do último refúgio, sem saber que num futuro não muito distante nós não saberemos para onde ir”. Frase de um amigo ambientalista.
Meu amigo tem sobejas razões para dizer que a nossa qualidade de vida caminha para um dramático fim. A natureza emite o seu grito e nós, com surdez crônica, não a ouvimos.
No dia 04/01/2019, recebi em casa a visita inesperada de um beija-flor, que se agarrou por várias horas a um lustre e só foi embora quando quis. Um bem-te-vi, no dia 12/01/2019, fez quase o mesmo e, também, só partiu várias horas depois.
Ambas as aves viram as janelas entreabertas e, instintivamente, entraram buscando proteção. Na ânsia de libertá-los, aprendi que o animal longe do seu habitat só bate em retirada quando recebe ordens do próprio instinto. Fora dessa regra, querer que se vão é trabalho forçado e infrutífero. Os gatos, por exemplo, uma vez instalados, ficam para sempre, estejam agradando ou não. É melhor que sejam tratados com carinho. Esse é o caso de um “grupo de rua”, hóspede do porão da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ao ser desconvidado a permanecer, por absolutas questões de higiene e saúde, teima e permanece como se fosse dono absoluto do lugar. Parte do jardim quase virou depósito dos “serviços” feitos e cobertos com terra pelos espertíssimos bichanos. Quando chove e depois vem o sol, apesar da profilaxia constante, haja paciência... É que o Hospital da Criança está de frente.
O beija-flor, o bem-te-vi e os gatos fazem parte de um grupo útil com poucas perspectivas de melhores dias. Os dois primeiros, beija-flor e bem-te-vi, sofrem com a falta de habitat natural e os miaus ganharam castrador móvel. Oxalá sejam todos preservados.
No último sábado, numa chácara, vi desfilar soltos e a pouca distância: joões-de-barro, sabiás, canários-da-terra, araras, saracuras-três-potes, melros, pássaros-pretos, anus-brancos, tucanos, pombas e outros mais.
Renovei a esperança de que há espaços e ares para todos nós.