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Andanças

Por onde ando? Por que caminhos me direciono?

Terezinha Hueb de Menezes
thuebmenezes@hotmail.com
Publicado em 20/07/2014 às 11:21Atualizado em 19/12/2022 às 06:49
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Por onde ando? Por que caminhos me direciono? Os caminhos do passado? Os caminhos do presente? Ou os caminhos que advirão?

Qual meu tempo? Qual teu tempo? Tu que passas à minha frente, que tempo vives? O tempo da memória, o tempo da esperança, o tempo do nada mais esperar?

Leio em Cassiano Ricard “a esfera /em torno de si mesma / me ensina a espera / a espera me ensina / a esperança / a esperança me ensina / uma nova espera a nova / espera me ensina / uma nova esperança / na esfera”

Qual meu tempo? Qual teu tempo? Qual o espaço de cada um de nós?

Ocupamos um lugar. Nossos pés se movem em passadas ora lentas, ora agitadas. Nossos pensamentos se enveredam por tempos já vividos, tentando captá-los numa rosa que se vê, numa canção antiga que se ouve, num sino que toca lá longe, no abrir-se de um sorriso infantil, lembrando o sorriso dos filhos, já adultos feitos, no carinho entre um casal de namorados, na lembrança do amor que deixou marcas, saudade e solidão.

O que me ensina a esfera? O que te ensina a esfera? A esperar, esperando o trem imaginário do Chico Buarque, mas verdadeiro para o Pedro Pedreiro que também espera o sol, ou a sorte, ainda a morte? O que nos ensina a esfera? Que nos devemos deixar levar por seu rodopio e com ela rodopiar, como que num bailado absurdo de esperas e esperanças?

Andanças! Andanças do ser humano, no tempo e no espaço. Os passos, ora lentos, ora alucinados em buscas impossíveis, em anseios que provocam esvaziamento da alma, talvez já exaurida em sua peleja. Buscar o quê? A esperança na esfera? A ilusão de que é possível catar pedaços da existência, no rodopio do tempo e vivê-los de novo num espaço imaginário?

O que me ensina a esfera? O que te ensina a esfera? O que nos ensina a espera e a esperança?

Dentro de cada um de nós, nosso tempo, nosso espaço em andanças inesgotáveis, muitas vezes fluidas como o leve bater das asas de uma borboleta, muitas vezes suave como o esgarçar das nuvens, mas muitas vezes pesadas como o chumbo que nossas mãos não suportam.

Andanças... caminhar, até que a exaustão apague da memória do tempo e da lembrança do espaço o que deve ser olvidado ou jogado fora.

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