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Ainda há tempo

Um entrevistador pergunta a uma antropóloga de fama internacional: “Agora que a senhora completa 80 anos

Padre Prata
Publicado em 03/07/2010 às 21:37Atualizado em 20/12/2022 às 05:33
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Um entrevistador pergunta a uma antropóloga de fama internacional: “Agora que a senhora completa 80 anos, se lhe fosse permitido voltar aos 15, o que mudaria em sua vida?” A resposta da cientista foi de profunda sabedoria: “Eu me ensinaria a viver”.

E nós? Aprendemos a viver? Lembrei-me das aulas de Geografia no Ginásio Diocesano, quando o Irmão Policarpo estendia diante de nós um imenso mapa onde podíamos ter uma noção plana de todos os Continentes da Terra. Tínhamos uma visão de conjunto de todos os países. Ficávamos sabendo onde estava o Brasil, o México, o Japão, a Turquia, a França, todas as regiões do mundo. Também as grandes cidades, Paris, Moscou, Tókio, Bombaim, Ancara, Otawa, Lisboa, Pequim. Aprendíamos localizar as grandes cordilheiras, os grandes rios e assim por diante. Aquele mapa chamava-se planisfério.

Se nós pudéssemos abrir nossa vida como se fosse um planisfério que revelasse toda a nossa vida, as nossas escolhas, as nossas decisões, as nossas realizações, todo o nosso comportamento, muitas coisas nos deixariam felizes. Mas, por outro lado, recordaríamos de nosso passado escuro, de nossas decisões erradas, de nossas imprudências, de nosso comportamento e pensaríamos: “Poderia ser tão diferente!” Se naquele tempo pensássemos como pensamos hoje, “nós nos ensinaríamos a viver”. Provavelmente nossa vida tomaria outro rumo e teríamos evitado uma série de coisas de que hoje nos arrependemos.  Erramos muito durante nossa vida. Achávamos que sempre tínhamos razão. Fomos muito duros no julgamento dos outros, às vezes com crueldade. Se parássemos para um autojulgamento honesto, sincero, corajoso, perceberíamos que fomos intolerantes, vaidosos, inflados de orgulho, incapazes de perdoar, tomamos decisões precipitadas, injustas. Descobriríamos quem realmente somos. Nosso interior não era o que apresentávamos, mas nem sempre tivemos coragem para nos corrigir. E se tivéssemos tido algum tipo de poder, não teria sido aplicado a nós a dura verdade de que “todo poder oprime”?  (Por favor, não confunda “poder” com “autoridade”. A “autoridade” pode ser exercida com amor, compreensão e respeito).

Nós, cristãos, acreditamos num dom de Deus que se chama o Dom da Sabedoria. É o dom que, pela voz de nossa consciência, nos é sugerido o que é “bom” e o que é “mau”. O que devemos fazer e o que devemos evitar. Talvez só no falte coragem para decidir. Ainda temos tempo para reparar nossos erros, para pedir perdão pelo “estrago” que causamos na vida dos outros e em nossa própria vida.

Fico então me recordando daquelas palavras que o Espírito de Deus soprou na consciência do profeta Elias quando ele estava perdendo a coragem para cumprir os planos de Deus: “Elias, ainda te resta muito caminho pela frente. Levanta-te e anda”. (*) [email protected]

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