Água

Ontem, 22 de março, foi o Dia Mundial da Água, oportunidade de reflexão sobre o valor e a importância do líquido essencial à vida na Terra. Relatos sobre secas e poluição de rios e lençóis freáticos nos fazem perceber que não há solução mirabolante para resolver o problema da escassez desse recurso hídrico, dada a complexidade das relações entre os elementos da biosfera.

Há quem questione o motivo de os cientistas ainda não terem desenvolvido um processo que torne doce a água do mar, com baixo custo e em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades do homem. Israel e outros países são obrigados a dessalinizar a água do mar, a fim de conseguirem um produto salubre. Entretanto, para nações como o Brasil, uma simples mudança de postura traria resultados de forma mais rápida, econômica e duradoura.

De acordo com um informativo do Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba – CODAU –, dos 2/3 de água que compõem o planeta, apenas 2,5% estão disponíveis para consumo. Dessa porcentagem, parte está em locais inacessíveis, como geleiras e rios subterrâneos. Consequentemente, pode-se aproveitar realmente menos de 1%. O panfleto também mostra exemplos de como aplicar a sustentabilidade ao uso dos recursos hídricos.

Economizar a água é uma tarefa fácil, que exige mais atenção do que esforço. Afinal, em muitas situações o cidadão pode reduzir o desperdício de recursos hídricos usando-os conscientemente ao lavar louça, roupa e veículo, escovar dentes, tomar banho, consertar vazamentos, regar plantas... A troca da mangueira pela vassoura na limpeza das calçadas já traz resultados significativos.

Essas medidas podem ser vistas como uma volta aos velhos tempos, a exemplo da recente substituição das sacolas plásticas pelas de lona. Essa mudança de paradigma, contudo, não implica na adoção automática de todas as ideias antigas, mas as práticas consagradas pelo uso merecem, ao menos, nossa atenção.

Sustentabilidade, ou seja, o uso consciente de recursos, não é um conceito novo; requer não apenas o uso de novas técnicas e materiais, mas também o emprego do know-how que a experiência nos conferiu. Recursos escassos, se bem usados, são suficientes. O Dia Mundial da Água é uma grande oportunidade de nos lembrarmos disso.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro