Conheci Adélia Prado, natural de Divinópolis, em 1996, no 1º Encontro de Escritores, realizado em Caxambu, sul de Minas.
Era uma escritora – entre tantos convidados ilustres – para proferir palestra e encantar os participantes com sua poesia.
Sua figura, à época, um tanto acanhada, comportamento mais reservado, fala pausada e mansa: assim a percebi. Porém participativa, principalmente no organizado sarau, ao cair da noite. E respiramos e transpiramos versos, também por ela declamados.
Vejo a poesia (em momentos quase prosa) de Adélia Prado, cujo valor encantou Carlos Drummond de Andrade – e continua encantando Rubem Alves – quando releio suas Poesias Reunidas, como mescla de lembranças, de exploração de fatos do cotidiano, de religiosidade – presença constante de Deus, muitas vezes olhado com temor, outras tantas como porto seguro e saída para as agruras da vida. Há, também, a amálgama do divino com o profano, aqui, em momentos, apresentado de forma quase rude, mas inusitada.
Vejamos alguns versos: "Tristeza é o nome do castigo de Deus / e virar santo é reter a alegria." "Mas Deus nos perdoará, / Ele que sabe o que fez: ‘homem humano’." "Quando eu ressuscitar, o que quero é / a vida repetida sem o perigo da morte / os riscos todos, a garantia: / à noite estaremos juntos, a camisa no portal."
A Fundação Peirópolis de Educação em Valores Humanos, sob a coordenação da dinâmica Maristela Ramos, promoverá, no dia 29 de outubro, às 20 horas, no Auditório do Colégio Nossa Senhora das Dores, palestra com a eminente poeta, Adélia Prado, que encantará a todos com sua experiência poética e seus textos. Os convites encontram-se à venda na Livraria Alternativa e nos Shoppings Uberaba e Manhatan. O evento, com certeza, será inesquecível e proporcionará imenso alento às almas.
Para concluir, apresento um poema da autora, O Homem Human "Se não fosse a esperança de que me aguardas com a mesa posta / o que seria de mim eu não sei. / Sem o Teu Nome / a claridade do mundo não me hospeda, / é crua luz crestante sobre ais. / Eu necessito por detrás do sol / do calor que não se põe e tem gerado meus sonhos, / na mais fechada noite, fulgurantes lâmpadas. / Porque acima e abaixo e ao redor do que existe permaneces, / eu repouso meu rosto nesta areia / contemplando as formigas, envelhecendo em paz como envelhece o que é de amoroso dono. / O mar é tão pequenino diante do que eu choraria / se não fosses meu Pai. / Ó Deus, ainda assim não é sem temor que Te amo, / nem sem medo."