Aciu, Santos de Casa e Seus Milagres

Fundada em 16 de dezembro de 1923 e reunindo empresários dos setores da indústria, comércio e, mais recentemente, serviços, a Aciu visa à defesa dos interesses classistas e também da comunidade. E tivemos a felicidade de pertencer a quatro diretorias que comandaram seus destinos, sendo presidentes Mário Grande Pousa, Aurélio Luís da Costa, Leo Derenusson e Hugo Rodrigues da Cunha.

Naquela casa, pudemos conviver com muitos empresários uberabenses, dentre eles Santos Guido, homem que fez a diferença em nossa comunidade. Assíduo às reuniões e sempre ponderado, ele era ouvido nos mais variados assuntos em pauta.

Marcou-nos muito o entusiasmo com que ele defendia a ideia de que o asfaltamento da atual BR-262 (Uberaba-Belo Horizonte) – na época só com cascalhos – era relevante para Uberaba e região. Por isso encaminhou inúmeros ofícios solicitando a efetivação dessa obra às autoridades.

Outro assunto tratado com conhecimento de causa pelo notável diretor era a piracema, movimento migratório de peixes no sentido das nascentes dos rios, com fins de reprodução. Dizia Santos Guido que as barragens que estavam sendo construídas na região não possuíam escada para os peixes subirem os rios e se reproduzirem. E encaminhou ofícios aos setores responsáveis a fim sanar essa falha e de impedir a construção de novas barragens que não tivessem a indispensável escada para os peixes.

Na formidável publicação JM Extra-Casa&Construção, lemos notas sobre Santos Guido, seu trabalho para a comunidade, seu arrojo empresarial e a citação de obras que edificou graciosamente na cidade, dentre as quais a Capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, Hospital da Criança, Sanatório Espírita, Instituto dos Cegos e várias igrejas.

Podemos acrescentar à lista o prédio da Casa do Comércio e da Indústria, iniciado em outubro de 1940 e inaugurado em 1942. Santos Guido também participou da fundação da Aciu e foi um dos participantes do primeiro Conselho Consultivo da entidade.

Pode ser que as escadas para peixes, hoje presentes em todas as barragens da região, não tenham sido feitas em razão das alfinetadas de Santos Guido. Mas, sem dúvida, a interferência dele nesse assunto ajudou a resolver o problema.

É ainda hoje enternecedora a lembrança da persistência desse empresário de visão. E quem conviveu com ele experimentou o valor indelével de se lutar por boas causas.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro