É interessante como momentos de afastamento das lides
É interessante como momentos de afastamento das lides costumeiras, voluntária ou involuntariamente – como é o meu caso – nos proporcionam momentos de reflexão que, na correria existencial, talvez a impossibilitasse.
Como tenho acompanhado mais de perto a situação do Brasil, converso com meus filhos sobre a venenosa praga que é a corrupção e os desvios financeiros nas altas esferas governamentais. E tanto quanto, as manobras para livrar aqueles que tanto comprometeram os destinos do nosso país, com o assentimento daqueles em quem confiávamos.
E pensando nisso, penso no pobre. Penso na saúde do pobre. Penso nas dificuldades em ter acesso a tratamentos, a remédios, a exames. Penso em quantos morreram e em outros que irão morrer por falta de atendimento.
Em meu tratamento em Barretos (vou falar disso em outros artigos), conheci uma realidade que até então desconhecia: às vezes, Deus quer que conheçamos o que ignorávamos.
Começo pelo atendimento de qualidade. Secretárias e atendentes na saúde.
Quando minhas dores aumentaram – já anunciando o linfoma, até então desconhecido –, tentei marcar uma consulta aqui em Uberaba. A secretária – com voz de secretária, fria e objetiva – me alertou que só haveria vaga para uma semana ou mais. Disse-lhe da minha urgência, acrescentando que seria consulta particular, ao que ela prontamente respondeu: “Aqui o atendimento é só particular.” Desliguei e fiquei imaginando como deveria ser a postura de uma secretária sensível, bem preparada e defensora dos interesses de seu patrã perguntaria o nome da possível cliente, o telefone, e diria sobre a possibilidade de chamá-la caso houvesse alguma desistência. Ou até conversar com o médico, para colocá-lo a par do ocorrido e buscar alguma solução.
Conto isso para mostrar minha preocupação com os pobres pacientes que precisam recorrer ao atendimento públic normalmente, são carentes de tudo. São pessoas que saem de casa, possivelmente em jejum, em busca de ajuda para seus males.
Infelizmente, as unidades públicas e mesmo os hospitais estão sempre lotados. Os médicos, muitas vezes, são poucos para tanta demanda.
Mas o atendimento, meus amigos, esse precisa ser feito com um sorriso nos lábios de quem recebe. Com palavras na boca que inspirem esperança. É muito triste para um ser humano sentir-se trapo abandonado pelos que precisam acolhê-lo.
Mas vejo, com alegria, que novos ares pairam sobre a saúde em Uberaba. E esses novos ares chamam-se sensibilidade, advinda do casal Piau/Heloísa, promovendo, já, com o secretário Fahim, algumas alterações que, com certeza, avultarão com o passar do temp fiquei feliz quando soube que, na UPA do Mirante e na UPA do São Benedito, pela manhã, está sendo servido café da manhã – café, chá e pão com margarina – não apenas para os pacientes, mas também para seus acompanhantes: começam a bafejar nos rincões de Uberaba atitudes de solidariedade, de sensibilidade, a exemplo do que ocorre em Barretos. Isso é acolhimento que, segundo eu soube, irá estender-se para outras unidades. E é apenas o começ novos empreendimentos, se Deus quiser, virão, enfrentando e solucionando os reais problemas ligados à saúde (hoje o maior de todos em todo o Brasil), para o bem dos que mais precisam. Amém! Aleluia!
(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro [email protected]