Chamem os ativistas ambientais, a Supra, os Direitos Humanos, ou qualquer entidade que se interesse pela preservação. Mas, será em vão! Assim como os dinossauros, elas estão fadadas ao extermínio.
Creio que foram fruto da TFM – “Tradicional Família Mineira”, entidade acéfala e oculta, moldada pelos preceitos antigos de rígida moral cristã. Fruto de uma sociedade machista e patriarcal são as “mulheres de um homem só”.
Aquelas que fizeram jus ao vestido branco, ao véu e grinalda e que se casaram virgens. Ou quase! Mas são aquelas que mantiveram o hímen intacto até o casamento...
Cuidaram de seus maridos e filhos com dedicação canina. Sufocaram desejos, aventuras e profissões em nome da harmonia doméstica. Não que não houvesse tentações, oportunidades ou prazeres.
Às vezes, os hormônios entravam em ebulição desenfreada e o fogo interno queimava até na troca de furtivos olhares. Hora, então, de racionalizar paixões, de rever os preceitos adquiridos na “sociedade” e de tomar as decisões.
Aquelas que resistiram ainda estão aí, em um longo e sadio relacionamento. Cuidando ainda de seus homens, de netos, dormindo de conchinha, trocando com os olhos confidencias indizíveis. Afinal, foram educadas aprendendo a ler nos olhos dos pais o menor sinal de aprovação ou censura.
Muitas sucumbiram na caminhada. Foram abatidas pelo cansaço, pela intolerância, pela falta de respeito, pela vulgaridade, pelo excesso de remédios, pelo viver sem amor.
Não as recrimino. Não as invejo. Não as penalizo. A realidade vivida em cada família só a ela pertence. Só ela sabe. E os homens dessa época dificilmente conseguiam corresponder aos desejos de uma mulher.
Hoje, passados tantos anos, quando olho para trás, quando analiso as amigas da “sociedade”, observo que estão bem mais realizadas.
Conseguiram ser mais ou menos profissionais, é verdade; abandonaram alguns sonhos, é verdade, mas a vida foi intensa e calorosa. Tudo, fruto de muito trabalho e dedicação. “Onde não há esforço não há crescimento”.
Inegavelmente, os tempos são outros. Minhas filhas já não foram criadas dentro desses preceitos.
Se melhor ou pior, depende da análise individual.
O que aprendi com a observação de algumas delas e através de minha própria experiência é que, para mantermos esse estado duradouro, precisamos de muita consistência.
Consistência espiritual, intelectual e física (haja bandha).
A vida dentro dessa “sociedade” é longa, trabalhosa, às vezes alegre, às vezes triste, mas sempre desafiadora e estimulante.
(*) Mãe de família