Viver em paz é sonho de todos nós. Seu e meu. Há poucas palavras tão sonhadas como paz
Viver em paz é sonho de todos nós. Seu e meu. Há poucas palavras tão sonhadas como paz. Paz é sonho e procura. É porto de chegada. É lar de descanso. Você já percebeu que estou falando de paz interior. Não estou pensando no Afeganistão, na Farc ou no Irã. Estou pensando em mim mesmo.(Ou em nós?) Naquela paz que deveria brotar do fundo do espírito humano. Paz que é resultante de um equilíbrio interior. É conquista que nos custa suor e lágrimas. Quando as nossas faculdades interiores estão em ordem, há equilíbrio interior de onde brota a paz. Quando nos deixamos levar por nossos instintos não conseguimos viver em paz, mas num constante conflito interior. Paz não é fruto de nossos egoísmos, de nossas antipatias, de nossos ódios. Paz não é consequência de nosso pouco caso pelos outros. Paz é fruto de uma luta contínua e difícil contra nossas inclinações destrutivas. Quando nossa vida interior está equilibrada, o viver torna-se uma alegria e uma libertação.
Paz interior é tomar decisões certas brotadas de reflexão madura. É assumir nossos compromissos. É viver nossa vida e deixar que os outros vivam a vida deles. Infelizmente nós nos preocupamos muito com a vida dos outros. Ora, os outros são os outros. Não temos nada com a vida deles, com o que fazem, com suas escolhas, com seu comportamento. Com seus amores. Viver em paz é não se preocupar com o que os outros dizem de nós. Se eu me irritar com os comentários alheios, estou deixando-me instrumentalizar pelos outros. O que acontece? Paz perdida. Amargura.
Paz interior é uma luta sem tréguas. É vigilância contínua. É olhar para dentro de nós mesmos com honestidade. É tomar consciência de nossos defeitos, de nosso comportamento, do qual nós somos os únicos responsáveis.
Não sou muito ligado a esse tipo de literatura que chamam de “autoajuda”. Não que seja inútil. Não é. O problema é que a autoajuda se tornou um comércio altamente rendoso. Alguns espertalhões descobriram o filão e o exploram em centenas de livros que, numa linguagem que responde ao que agrada o leitor, entopem as estantes de nossas livrarias.
Ao escrever sobre a paz interior, quero deixar bem claro que não estou ventilando receitas. Estou apenas me lembrando daquela moça que me procurou, lamentand “Padre, minha vida não tem sentido. Para que nasci”?