A Paz Social e a liderança pelo exemplo

A busca de solução para o problema da criminalidade em Uberaba é interesse e dever de todos. A cidade que já ocupou a capa da revista Exame como a melhor do Brasil para se investir não reconquistará esta posição se não reverter o quadro atual. Afinal, para os investidores, criminalidade significa aumento de custos: com seguros, com segurança, com afastamento e tratamento de funcionários, entre outros. Decisões de investimentos requerem Paz Social, que reflete uma sociedade caracterizada pela conciliação e harmonia entre pessoas e grupos, entre o capital e o trabalho.

A Paz Social advém da segurança pública e esta é a soma entre as seguranças individual e comunitária. A segurança individual assegura o direito à liberdade, à propriedade, à locomoção, à proteção contra criminosos. Já a segurança comunitária consiste na garantia de níveis de estabilidade às relações políticas, econômicas e sociais, que preservem e regulem a propriedade, o capital e o trabalho para a sua plena utilização no interesse individual e social. O nível comunitário da segurança visa a, portanto, garantir a convivência civilizada entre indivíduos e grupos.

Na prática isso somente funciona se indivíduos e grupos agirem a favor do bem, imbuídos do bem, se não no todo, mas pelo menos em ampla maioria. Tudo isso pode parecer utópico, mas não é porque há locais onde a criminalidade tende a zero. Mas, com certeza, os princípios da Paz Social e da segurança pública têm existências teóricas que necessitam ser colocadas em prática, exigindo ações da comunidade, do Estado, dos cidadãos e das lideranças, sejam elas classistas, políticas, jurídicas, policiais. Mas tendo mais visibilidade do que o cidadão comum, talvez o primeiro passo deva ser dado pelas lideranças.

A solução para a criminalidade em Uberaba e em outros locais nunca ocorrerá num passe de mágica. Virá com um conjunto de ações simultâneas em diferentes áreas. Há na mesa de debates a tese de que o delinquente sente-se encorajado a cometer seus crimes face à impunidade que beneficia setores privilegiados. Enquanto se debate, contudo, pessoas sofrem ferimentos físicos e psicológicos, perdem seus bens pessoais, dinheiro e até suas vidas. A comunidade não pode esperar.

Realmente, do estrategista Sun Tzu que viveu há 2.500 anos ao psicólogo Jean Piaget, a questão do exemplo é irrefutável. Sun Tzu dizia que a postura e conduta de um general valiam muito mais do que suas palavras. Para Piaget, por sua vez, “educar os filhos pelo exemplo é a única e a melhor forma de fazê-lo”. A ocupação de cargos de visibilidade e de liderança representa uma oportunidade para dar bons exemplos e fazer seguidores. Exemplos de eficiência, bom aproveitamento dos recursos com resultados para todos e de forma ética.  

(*) economista, diretor titular da Aciu, sócio do Rotary Uberaba

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