Algumas pessoas têm me revelado que o uso da máscara lhes dificulta a audição. Confesso que comigo também ocorre o mesmo, muitas vezes. O meu interlocutor fala, eu lhe peço para repetir e as coisas ficam do mesmo jeit ele acha que ouvi, mas, na verdade, acabo concordando para não criar problemas.
Ontem, 10-02-2022, em nosso Mercado Municipal, ocorreu-me algo que contraria tudo o que eu disse acima e, por ter iniciado ali uma profícua amizade, transcrevo aqui o ocorrido.
Numa banca de queijos, uma senhora devidamente paramentada estava sendo atendida. A vendedora, muito gentil, perguntou a mim se eu precisava de alguma ajuda, atendimento inicial esse preconizado pelo amigo e consultor de vendas Fulvio Ferreira. Dissimulado, atrás de minha máscara, respondi que não tinha pressa e aguardaria pacientemente para ser atendido. Ato contínuo, a senhora compradora me interpela e diz: – “Conheço o senhor pela voz e agora tenho o prazer de vê-lo pessoalmente”. E continuou ela, dizendo que há quase 25 anos lê todos os meus escritos, e eu completei: Ah... A senhora sofre com os garranchos que transcrevo nesta página?
Aí está a prova de que a máscara “não atrapalha a audição” tanto como se propala. Concluo que, quando convém, ou não, a máscara pode ou não atrapalhar a audição, embora uma coisa nada tem a ver com a outra. Tudo depende. Aos que necessitam passar em branco para não ser reconhecidos, a máscara contra a Covid-19 caiu como uma luva.
Ainda bem que existem pessoas com o perfil de D. Vanda Maria Borges, professora da rede estadual, responsável pela alfabetização de milhares de crianças. Sua perspicácia foi aguçada há quase 40 anos, quando pegava na mãozinha dos pequenos e os ensinava a escrever, além de levá-los ao hábito da leitura. Nas turmas que D. Vanda ensinava, com certeza “Joãozinho”, o rei das traquinagens, estava lá. E ela dava volta nele.
Reconhecer alguém pela voz atrás da máscara é café pequeno para ela, enquanto que para muitos é bicho de sete cabeças. Muito prazer e parabéns, D. Vanda Maria Borges.