ARTICULISTAS

A Educação no Brasil

Li a entrevista do educador João Batista Araújo e Oliveira

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 26/08/2012 às 13:37Atualizado em 19/12/2022 às 17:44
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Li a entrevista do educador João Batista Araújo e Oliveira, presidente de uma ONG voltada à Educação, nas páginas amarelas da última Veja. Há considerações que ele faz com as quais concordo plenamente. Uma delas se refere à mania que existe no Brasil de se imitar modelos estrangeiros.

Outra crítica interessante, a respeito do modismo, hoje, de se pensar que a tecnologia – com aquisição de alto custo -, atrelada à Educação, de forma indiscriminada, irá resolver os problemas: “Nenhum país conseguiu melhorar a Educação a partir do uso da tecnologia. Não estou dizendo que a tecnologia seja ruim. Ela tem potencial, desde que seja usada em contexto apropriado. Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada.” Infelizmente – assim enxergo – no Brasil as medidas definidas se realizam na base do “oito -  oitenta”: ou tudo ou nada. Não há o meio termo do bom senso.

Importante, ainda, na fala do educador, a crítica ao Enem: “O Enem nasceu com um formato, mas transformou-se em outra coisa. Ele nasceu para ser uma prova de avaliação das competências dos jovens, mas não deu certo. Em seguida, tentou-se vender a ideia de que é uma prova seletiva, um vestibular barato. E ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é.” Tem razão o educador. Considero ótimas as primeiras versões do Enem: eram questões que realmente mediam as competências e habilidades do aluno, exigindo dele capacidade para raciocinar, depreender, compreender. A primeira versão, em 1998, trazia 63 questões mais a redação.  Hoje, o formato antipedagógico da prova desanima os jovens até mesmo de prestá-lo, ao contrário do fascínio que exercia nas primeiras versões: são 90 questões no primeiro dia (quatro horas e meia, com trinta minutos comprometidos para preencher a folha de resposta) e 90 no segundo, mais a redação (cinco horas e meia, também com meia hora para preencher o cartão de respostas). Os alunos têm aproximadamente três minutos para responder cada questão. São questões com enunciados muitos deles imensos, cansativos, monótonos, de tal forma, penso eu, que, na trigésima questão, possivelmente, o aluno nem saiba mais o que está lendo. E mais: não vale dizer que o Enem eliminou a necessidade de se saber a teoria dos conteúdos a fundo. É engano. Pior ainda o tal do ranking apresentad enganoso, passível de fraudes disfarçadas de legitimidade: se a escola seleciona os melhores alunos para realizar o exame, o resultado é um; se a escola propõe a grande abrangência com bons e maus alunos, o resultado é outr os maus puxam para baixo o resultado da escola. Uma sugestão de especialista que conheci: que a classificação fosse elaborada de forma individual, por aluno e não por escola. Ele inclusive aconselha aos alunos com bom desempenho que imprimam a folha com seu resultado, para oportunidades futuras, ou apresentação em currículo.

Vale a pena ler a matéria da Veja: os problemas ligados à Educação no Brasil são muito mais tortuosos do que pensamos.

(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro[email protected]

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