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A dor e suas generalidades

São inúmeras as causas que podem influenciar a existência e a intensidade da dor no decurso do tempo

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 12/07/2011 às 09:48Atualizado em 19/12/2022 às 23:24
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A dor é um fenômeno complexo, resultado da interação de diversos fatores, como fisiológicos, bioquímicos, psicossociais e comportamentais. São inúmeras as causas que podem influenciar a existência e a intensidade da dor no decurso do tempo, sendo que a principal delas e a primeira a ser identificada é aquela resultante de uma agressão ou lesão.

Quando um tecido é lesionado ocorre a liberação de substâncias químicas no local, imediatamente detectadas pelo nosso sistema nervoso. Elas disparam um impulso elétrico que corre até a parte posterior da medula espinhal. Nessa região, um grupo especial de neurônios é responsável por transmiti-lo à área do cérebro responsável pela cognição. Aí o impulso será percebido, localizado e interpretado como dor.

No entanto, não é benéfico que essa dor persista por mais tempo do que o necessário. Por isso, os sinais que chegam ao cérebro e se tornam conscientes vão estimular a liberação de substâncias chamadas endorfinas  e encefalinas, que inibem a propagação do impulso elétrico. O mecanismo de inibição da dor é tão importante para a sobrevivência do organismo, quanto o circuito responsável pela percepção dela. Se não fosse ele, a dor de um pequeno corte persistiria enquanto durasse o processo de cicatrização.

Desde 2001, ano em que foi concebido o Plano Nacional de Luta Contra a Dor, que estão sendo criadas Unidades de Dor em hospitais de todo o país. O controle eficaz da dor é um passo fundamental na efetiva humanização das unidades de saúde.

Para auxiliar o diagnóstico, é importante que o paciente consiga realizar uma auto-avaliação da dor, sendo capaz de dar informações precisas sobre (i) sua localização; (ii) suas limitações funcionais ou necessidades vitais afetadas, como sono, repouso, exercício, alimentação, atividade sexual, atividades sociais etc.; (iii) seu tipo, caracteres e intensidade; (iv) medicação que toma ou outras terapias que utiliza para a redução da dor; e (v) os resultados obtidos com as mesmas.

A forma mais comum e conhecida de classificar a dor é como aguda ou crônica, que diferem principalmente no tempo de duração. A dor aguda é temporária e deve ser interpretada como um sinal de alerta, sobre uma lesão recente. Ela normalmente tem causas inflamatórias, traumáticas, infecciosas, pós-operatórias e de procedimentos médicos e terapêuticos em geral. Já a dor crônica acompanha o paciente por tempo prolongado, geralmente mais que 3 meses, e merece maior atenção por parte da medicina moderna, pois afeta diretamente a qualidade de vida limitando a movimentação, a agilidade, a atividade e o bem-estar das pessoas. Suas causas podem estar relacionadas desde a doenças ortopédicas, reumáticas, neurológicas ou psiquiátricas, e até as doenças oncológicas. Estima-se que a maioria das pessoas idosas sofra de dor crônica; isto porque a maioria dos idosos tende a encarar a dor como sendo normal na sua idade.

Mas além de aguda e crônica, a dor pode ser classificada por alguns outros parâmetros, como sua origem fisiopatológica, sua localização e intensidade. Todas essa formas de entender melhor a dor e suas causas serão abordadas mais detalhadamente nas próximas colunas. Até lá!

Referências

Baron R, Binder A, Wasner G. Neuropathic pain: diagnosis, pathophysiological mechanisms, and treatment. Lancet Neurol. 2010;9:807-19.

Sousa FAEF, Pereira LV, Cardoso R, Hortense P. Escala multidimensional de avaliação de dor (EMADOR). Rev. latinoam. enferm. 2010 Jan/Feb,18(1):03-10.

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