A arte de saber escutar

Senhor, livrai-nos daqueles que sempre precisam dar seu palpite. Livrai-nos do conversador, daquele que tem sempre um conselho a dar. Que sabem tudo. Livrai-nos daqueles que dão respostas a perguntas  que nem sequer formulamos, que têm respostas todas prontas. Livrai-nos daqueles que nem sequer querem ouvir, que não têm paciência  para escutar, que não tem amor para compartilhar, que não têm paciência para dialogar, daqueles que julgam ter sabedoria suficiente para distribuir, daqueles que não têm vontade  de acolher, de aceitar, de respeitar, de compreender, daqueles que exigem que sejamos como eles. Dos azedos. Livrai-me, Senhor, daqueles que não têm tempo para perder, daqueles que estão preocupados apenas consigo mesmos,  o problema dos outros não lhes interessa.

Senhor, apesar de tudo, dai-me um coração que escuta, dai-nos força para acolher o outro, para compreendê-lo, para aceita-lo. Deixemos que o outro seja ele mesmo. Fazei que mereçamos sua confiança, que procuremos junto com ele, uma solução, uma saída, um caminho, uma luz, sem exigir dele uma atitude falsa, farisaica, mentirosa.

Senhor, fazei que tenhamos compreensão e respeito pelas dificuldades, pelas angústias, pela boa vontade do outro, sem empurrá-lo, sem deixá-lo para trás. Assim como o bom Pastor carrega a ovelha transviada, assim como a mulher procura a dracma perdida, com paciência, perdão, bondade, amor, compaixão e compreensão.

Senhor, dai-nos um coração que escuta. Dai-nos o dom de tolerar com paciência aqueles que pensam que somos uns idiotas, de miolos moles. Dai-nos serenidade para ouvir os  conselheiros de última hora, dos que dão palpites sobre nossa vida, sobre nosso modo de ser, sobre nossos gostos. Daqueles que adorariam que fôssemos todos iguais a eles.

Senhor, que não sejamos pedras no caminho de ninguém. Que ninguém se entristeça e sofra por causa de nossas opiniões maldosas.

(*) thprata@terra.com.br