Provérbio caipira: Quando a galinha gritar, corre lá que tem ovo novo
Provérbio caipira: “Quando a galinha gritar, corre lá que tem ovo novo”. Diziam que ela cacarejava para fazer propaganda de seu produto. É voz geral que a galinha não consegue aprender nada, mas sabe como anunciar seu grande feit botar um ovo.
Não resta a menor dúvida de que a propaganda é um recurso indispensável no relacionamento humano. Muito mais do que isso, é uma arte e uma ciência. É a arte de convencer. De enganar. Saber empurrar um produto exige um espírito inventivo que não é dado a todos. Diariamente, somos bombardeados por propaganda de todos os tipos. Respiramos propaganda. Umas inteligentes. Agradam. Sempre nos lembramos delas. Outras de uma burrice sem explicação. Irritam e provocam engulhos. Você tem experiência disto. Há uma casa comercial que aparece com frequência em nossas telinhas da TV. Faz sua propaganda na base da gritaria. Do espalhafato. Não agrada. Mais do que isto, ela irrita. Será que eles pensam que gritar nos convencem?
Estamos nos aproximando das eleições. A propaganda dos partidos invade nossas salas. Algumas sofríveis. A maioria de um mau gosto cansativo. Propagar seus programas, suas ideias, seus bons propósitos é um direito que os partidos têm assegurados por lei. É a propaganda partidária. Ninguém discute isto. O problema é que, dentro dos atuais acontecimentos, é difícil acreditar nela. Com razão ou sem razão, não vou discutir isto, mas os partidos, em grande parte, perderam sua credibilidade. A corrupção ocupou uma área muito grande. Há bons políticos? Claro que há. Todos nós sabemos disto. Mas, há um grupo de corruptos lá dentro que enlameia todo o conjunto.
A propaganda partidária seria mais aceita se fosse elaborada de um modo mais criativo. É enorme o número dos partidos nanicos. Não sei o número deles. Umas duas dezenas? Não sei. Foram criados com finalidades lucrativas ou por amor ao bem comum? Não sei. Provavelmente, o Lula também “não sabe”...
O que é certo é que ninguém acredita no que dizem. Somos convidados para engrossar suas fileiras, para ajudá-los a construir um país melhor. “Junte a nós.” Afirmam com toda convicção que irão criar um país renovado. Prometem reformas profundas na saúde, na educação, na segurança, no salário, na moradia. O pior é que ninguém acredita mais naquele palavreado. Todos que os ouvem ficam aflitos para que aquela arenga acabe logo. O que interessa é o noticiário ou a novela que vem logo a seguir.
Mais uma vez, é direito deles. Juridicamente garantido. Que continuem com suas sugestões políticas. Ótimo. O que desejamos é pouca coisa, que essa propaganda seja feita com mais criatividade, com mais inteligência. Que analisem a realidade política sem partidarismo. Que não façam promessas. Que apresentem programas de reformas bem elaborados. Elogiar o próprio partido é contraproducente.
Para terminar: estamos cansados. Muito cansados. Façam alguma coisa antes que a esperança vá embora de vez.
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro