A economia terráquea estava acelerada antes da crise. Os números são muitos e oscilantes ano a ano, mas sempre crescentes.
A economia terráquea estava acelerada antes da crise. Os números são muitos e oscilantes ano a ano, mas sempre crescentes. Na média, o Brasil de 1990 a 2005 cresceu 2,5% e o mundo 3,6%. Nossos vizinhos que não falam português mantiveram taxas acima de 5% nos últimos anos e nós somente chegamos a isso em 2007. Durante anos a China bateu na casa dos 10%, Índia e Rússia na casa dos 7%, União Europeia e Estados Unidos beirando a 5%. Os números são interessantes, mas não são nossos objetivos aqui. Veio a turbulência, o desastre, e o painel de controle ficou maluco. Como consequências, o desemprego, o aumento da pobreza, os sonhos adiados, perda de patrimônio e de riquezas num gigantesco ralo, afetando primeiramente os países do hemisfério norte. As cenas de americanos e europeus nas filas de sopão e dormindo nas ruas são cruéis. Mas ainda falta muito para que “alcancem” a realidade do hemisfério sul e ninguém torce por isso. Sobretudo porque a “marola” não é marola. O cenário maior a ser vislumbrado a partir desse difícil 2009 é outro. Antes da crise mundial o Brasil estava prestes a perder o trem da história. As taxas de crescimento de muitos países eram constantes e países já considerados desenvolvidos estavam partindo para um estágio de desenvolvimento tal que seria extremamente difícil alcançá-los. A crise mundial parece ter sido uma chance para o Brasil, uma diminuição da velocidade dos primeiros colocados, uma possibilidade para que acertemos o passo com o resto do mundo. Estávamos – e estamos – perdendo o bonde da história por diversos motivos. Em memorável estudo feito pela empresa de consultoria McKinsey ainda em 2005 a pedido da VEJA, esses motivos são elencados com clareza e, desde então, têm pautado a agenda nacional. Uma detalhada análise dos nossos números e entrevistas com centenas de executivos de diferentes setores apontaram as cinco principais barreiras: informalidade, juros altos e câmbio desvalorizado, legislações trabalhista e tributária anacrônicas, serviços públicos ineficientes, falta de infra-estrutura. Na área pública, dói mais a saúde e a educação. A falta de saúde é consequência da falta de infraestrutura e da pouca escolaridade da população que não lê bem e não sabe matemática. Segundo dados do ISI (Institute for Scientific Information), nos últimos 27 anos a produção científica brasileira aumentou quatro vezes. Isso é bom. Mas a produção científica da Coreia do Sul aumentou 50 vezes; China 20 vezes! Com crise ou não, dá para imaginar a distância que nos separa desses países... Na era da nanotecnologia e da transgenia, se o Brasil não se superar agora, não haverá outra chance. O mundo não vai nos esperar. (*) economista, diretor titular da Aciu, sócio do Rotary Uberaba horacioforte@horacioforte.com.br