ARTICULISTAS

Visão luterana da salvação

O Instituto de Teologia da Arquidiocese de Uberaba, responsável pela formação intelectual dos futuros padres, tem promovido, já há algum tempo, encontros teológicos

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 17/12/2022 às 04:56
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O Instituto de Teologia da Arquidiocese de Uberaba, responsável pela formação intelectual dos futuros padres, tem promovido, já há algum tempo, encontros teológicos periódicos em que são tratados assuntos atuais à luz da teologia católica. Tais encontros são abertos para leigos que se interessam por atualizar-se em matéria teológica.

O último destes encontros de estudo foi sobre a teologia de Lutero. Leigos interessados, em número significativo, estavam presentes. A exposição teológica esteve a cargo do professor Padre Roberto Francisco de Oliveira, há pouco vindo de Roma, onde na Universidade Gregoriana fez estudos teológicos e hoje ocupa o cargo de Diretor dos Estudos no Instituto de Teologia.

A posição de Lutero em matéria teológica se apoia no princípio de que o pecado original destrói o exercício do livre arbítrio da criatura humana, o que leva o homem fatalmente ao pecado. Para ele, o que justifica o homem é exclusivamente a fé. A redenção de Cristo não justifica a pessoa e assim o homem continua pecador. Não há, pois, justificação interior.

O que há é a predestinação, tanto para o céu como para o inferno, porque Deus quer assim. E à objeção que se faz de que seria injusto da parte de Deus escolher, a priori, quem se salva e quem se condena, a resposta luterana é que Deus quer assim e temos de reverenciar a vontade soberana de Deus.

Não há, pois, cooperação humana para a vivência da graça nem para a salvação. Somos predestinados. Assim poderíamos concluir que não há livre arbítrio e que por isso tanto a vocação de Paulo como a traição de Judas são obras de Deus!

A Igreja Católica, desde o Concílio de Trento, vem insistindo que o cristão, além de aceitar pela fé a palavra divina, é justificado pela graça misericordiosa de Deus, que nos vem pelos canais dos sacramentos. Não basta, pois, ter fé. A vida do cristão por força do Evangelho tem outras exigências, além da fé. É o que sempre ensinou a Igreja Católica.

Em resumo, devemos afirmar que Deus exige de nós a fé na sua doutrina revelada e a vivência na sua graça, sempre confiantes na misericordiosa colaboração divina, que dá coragem de seguir os caminhos do Evangelho.

Esta brevíssima explicação não tem finalidade polêmica, mas apenas ilustração de tema teológico, que deve interessar a todos.

 

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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