Se um dia a viola morrer, terminado o seu funeral, as violas que foram ao enterro seguirão
“Se um dia a viola morrer, terminado o seu funeral, as violas que foram ao enterro seguirão novos rumos e procriarão de forma contínua fazendo com que a legião nunca acabe”. Assim disse o maestro uberabense Nicodemos Oliveira que, a rigor, ditou um presságio sem que a viola precisasse morrer.
Estamos em plena era de procriação contínua da viola. Nunca imaginei ver um grupo com mais de 500 violeiros reunidos e, num ambiente com cheiro de raiz, tocarem para o mundo ver. Fui convidado para estar no ginásio Tancredo Neves, o Sabiazinho, em Uberlândia, no dia 08/02/2015 e ali constatei que a nossa viola nunca morrerá.
Os clássicos: Menino da Porteira e Chico Mineiro foram tocados em harmonia perfeita pela mega orquestra de dez cordas e cantada por uma plateia de sete mil pessoas. Vários estados brasileiros estavam representados no magistral encontro e o Guinness Book, livro dos recordes, é a meta a ser galgada com mil cancioneiros. Maurício Kubrusly, jornalista, registrou o evento para o Programa Fantástico da TV Globo. Sérgio Reis, cantor e deputado, comentou o fato com seletas palavras em seu Facebook.
Constatei que o grupo de violeiros uberabenses era o maior ali presente, com 145 membros. Tendo a viola no peito, nossos representantes, de crianças a adultos, não só fizeram bonito como foram ressaltados pela organização do evento.
Ao ver aquele ambiente, que não será apagado da memória, veio-me à recordação um verso do nosso poema “A viola e o menino”, onde há uma confissã “Viola minha viola, diz a ela o menino / Confies em mim e no que vou te dizer / Posso ser dono de quase toda a terra / Mas o meu amor por ti é coisa que nunca encerra / É um dom de Deus eu te merecer”. Aqui o menino e o adulto são os mesmos.
O ser humano, de mínimas posses ou o abastado, não têm preço. Não custa, entretanto, informar que o preço de uma viola pode ir de 100 a 15.000 reais. Em valores médios, pode-se afiançar que mais de 500.000 reais estavam carinhosamente reunidos nas mãos daqueles violeiros.
Que venham outros encontros com milhares de participantes, para nosso deleite e a perpetuação da viola!
(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO. MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO.