As pessoas são desafiadas, por todos os lados, nas suas realidades normais de vida...
As pessoas são desafiadas, por todos os lados, nas suas realidades normais de vida. Porque as surpresas causam encantos e desencantos, encontros e, também, desencontros, exigindo atitudes de constante vigilância. Os contravalores aparecem a todo o momento, causam estragos e diminuem muito a qualidade e o sentido de vida dos que são atingidos e pegos totalmente despreparados.
Um clima propriamente de hipocrisia e de falsos valores domina a sociedade e corrói a autenticidade das pessoas bem intencionadas. O que sentimos é o domínio do desejo de levar vantagem em tudo. Com isso, podemos dizer que há muitas surpresas no campo da honestidade, da justiça e da misericórdia. O bem coletivo não é o alvo principal nas negociações de muita gente.
A prudência diz que as pessoas devem se preocupar com o essencial, para evitar um imediatismo sem estabilidade. É incômodo viver de surpresas na vida concreta, de espera sem segurança e de falta de esperança. É fundamental descobrir a sabedoria divina presente nas criaturas humanas, que se expressa através da fé, da caridade e da esperança, dando sentido autêntico para a vida.
A história é construída com as mudanças da sociedade. Estamos saindo de uma pós-modernidade, no confronto com uma sociedade, chamada “líquida”, no dizer do sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman. Tudo toma novas formas e as pessoas, na sua consciência humana, num processo de transformação, conseguem influenciar na construção de novas realidades na vida social.
Para os cristãos, as mudanças e as surpresas normalmente vêm da fé em Deus. É Jesus Cristo, Deus feito homem, quem veio construir a história e inaugurar uma nova e definitiva realidade. O contato das pessoas com Ele revela surpresas agradáveis, mas também comprometedoras na vida cotidiana. Seguir Cristo é fazer o que Ele fez e propõe através de sua Palavra na Sagrada Escritura.
Está chegando o final do Ano Litúrgico, com a Festa de Cristo Rei e Senhor da História. Na data celebraremos a abertura do Ano do Laicato, tempo de reflexão e de descoberta da vocação de todas as pessoas batizadas. Os leigos e as leigas cristãos são construtores de uma Igreja missionária, em saída e preocupada com a realização de um mudo diferente e melhor, surpresa do bem.
(*) Arcebispo de Uberaba