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Uma ponte para o futuro

Uma descida longa, e eu vejo uma ponte magnífica, obra de arte, os cabos de sustentação parecem mãos que se unem lá no alto em oração.

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 17/12/2022 às 04:07
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Uma descida longa, e eu vejo uma ponte magnífica, obra de arte, os cabos de sustentação parecem mãos que se unem lá no alto em oração. Cruzo assim o rio Paranaíba, no antigo Porto Alencastro, e entro em Mato Grosso do Sul, destino a Campo Grande. Pelo caminho passo Paranaíba, Inocência, Água Clara, Ribas do Rio Pardo... cidades amigas de trinta anos atrás, quando lá fui abrir fazenda e criar bois. Eram vilas, a estrada de terra e buracos, e onde tinha asfalto ele era esburacado e descuidado, os carros tinham que passar pelo acostamento, arrebentar a suspensão e a paciência do motorista. Agora não, tudo é asfalto, até a parte federal está lisa e recapeada, e por ali entro na minha antiga amiga, Campo Grande da Vacaria, pioneira em meus sonhos de juventude. Um susto enorme, já de longe: tudo está diferente, isto não é Campo Grande, é um sonho. Os prédios são arranha-céus enormes, modernos, estruturas e vidros coloridos que confirmam um outro mundo. A cidade explodiu em crescimento, chego difícil à 15 de Novembro, rua 14, Dom Aquino... um monte de lojas modernas, as residências nobres estão agora arranchadas na periferia, bairros e condomínios elegantes, avenidas largas e arborizadas de acesso, o centro administrativo lembra-me Brasília, só que mais moderno porque tem e preserva ao lado um bosque, a marca de sua terra. Leio os jornais locais, suas notícias são as de sua terra mesmo, seus progressos e arrojos, suas dificuldades e lutas – só que agora é tudo de roupa nova e própria, Cuiabá ficou para trás, o que querem, precisam e exigem é lá na corte brasiliana, com seus senadores e deputados próprios. Enfim e com todas as honras, este é um Estado Novo, um sonho que seu povo sonhou, lutou e fez realidade. O velho Mato Grosso perdeu com esta separação? Que nada, tornou-se jovem também, vejam os resultados de sua economia, novas fronteiras, a pujança de sua produção em grãos e carne. Agora, deste meu novo Mato Grosso do Sul, revivo sonhos e amigos, os bons tempos da juventude e suas aventuras pelo futuro. Muito mais e tudo poderia falar e contar... mas tenho que voltar ao Triângulo... desculpem, a Minas Gerias. Recruzo aquela ponte de sonhos, e penso no meu Estado do Triângulo, sonho que nossa juventude não sonha, vereadores dão títulos honoríficos a cidadãos, prefeitos servem e pedem ajuda a uma Belo Horizonte distante e alheia, nossos políticos pensam apenas em suas eleições, sonhos e ambições pequenas. Não cruzaram aquela ponte do futuro... Meninos, como diria o poeta: eu vi o que sonhei, mas ele ficou para trás...

(*) médico e pecuarista

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