ARTICULISTAS

Um pé de manacá

Quem ouvia os sucessos da rádio de outros tempos

Mário Salvador
mariosalvador@terra.com.br
Publicado em 10/07/2012 às 20:00Atualizado em 19/12/2022 às 18:36
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Quem ouvia os sucessos da rádio de outros tempos certamente se lembra da música Pé de Manacá, composta por Hervé Cordovil e Mariza Pinto Coelho e interpretada pela notável Isaurinha Garcia: “Lá de trás daquele morro/ tem um pé de manacá./ Nóis vão casá e vão pra lá./ Cê qué, cê qué?/ Eu quero te beijá,/ eu quero te agradá./ Eu quero me casá e te levá pra lá./ Cê vai, cê vai?/ Eu panho toda frô/ do pé de manacá./ E faço uma coroa pra te enfeitá./ Cê qué, cê qué?”

Um pé de manacá-da-serra plantado bem no jardim da minha casa me fez recordar essa música. Arbusto novo, de pouco mais de um metro, reina absoluto no espaço verde. Está todo florido, encantadoramente florido, e chama a atenção de quem passa pela rua. É intrigante ver, na mesma planta, flores de três cores. Em verdade as flores desabrocham na cor branca, logo vão passando para um rosa e ao final se fixam num lilás intenso. Uma ternura! Impossível não apreciar a floração.

Alguns fotografam a planta e me perguntam o nome dela. Depois me dizem que vão à floricultura para adquirir uma muda. E os filhos não se cansam de fotografar a arvorezinha. Até já circulou uma imagem dela no Facebook, com sucesso. Muitos botões ainda vão se abrir, sinal de que o jardim continuará bem florido por mais alguns dias.

Este é o segundo pé de manacá-da-serra que plantei no jardim. Um pé ficava do lado do outro. A primeira planta foi prejudicada por um descuido de um jardineiro, que passou a máquina de podar grama na casca da arvorezinha. Mas o primeiro manacá plantado continuou a florir juntamente com a segunda árvore, até que não resistiu e se foi. Uma pena! Não sei se o crime resultaria em prisão perpétua para o jardineiro infrator.

E além da bela floração, a árvore me proporcionou um momento especial. Uma senhora que parou, com sua amiga, para admirar as incontáveis flores, disse: “Esta quaresmeira está linda.” De imediato lembrei-me de que o querido padre Juvenal Arduini, hoje Monsenhor, aparecia na redação do Jornal da Manhã, todos os sábados, levando para mim o seu artigo datilografado que seria publicado no domingo seguinte. Quaresmeiras era o título de um desses maravilhosos artigos, escrito justamente na época em que essas árvores explodem sua exuberante floração.

No próximo ano o meu manacá-da-serra estará um pouco mais alto e mais robusto e, por certo, irá nos brindar de novo com suas inúmeras flores. Sei que há muitos outros manacás pela cidade, todos exibindo sua bela floração. Entretanto, como um probleminha na coluna me deixou de molho por aqui, acabo tendo o privilégio de apreciar este presente da mãe natureza, sem precisar sair de casa.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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