A pandemia e suas consequências são hoje o extenuante assunto da mídia. E o noticiário de diversas plataformas tem seguido o mesmo esquema.
O que mais assusta é anunciarem o número de mortos no país com entusiasmo semelhante ao da narração de um gol da Seleção Brasileira de Futebol. Também recebem ênfase o número de mortos em certas regiões brasileiras, e particularidades de alguns óbitos. E sempre é citado o desvio de dinheiro na compra de máscaras, na construção de hospitais de emergência e demais situações favoráveis a oportunistas.
Por outro lado, o Governo Federal sábia e justamente tem auxiliado brasileiros em situação de emergência. Entretanto, os aproveitadores continuam encontrando diferentes formas de se apropriar do benefício dos necessitados. Dentre esses espertalhões, há alguns de reconhecido poder aquisitivo e também aqueles que surrupiam dados na internet.
De tudo o que é notícia, o que mais intriga é o fato de determinadas autoridades do Brasil e do mundo tecerem declarações desfavoráveis ao grupo de risco formado pelos idosos (meus companheiros de jornada), como estas: “Há muitos idosos no mundo. É preciso que tomemos alguma providência”. E “as mortes de idosos são ótimas para a Previdência Social”.
Como se isso não bastasse, pipocam, nas redes sociais, num flagrante desrespeito e preconceito, brincadeiras de gosto duvidoso com os idosos. Parece que a necessidade desenfreada de riso tem valor maior que uma história de vida de oitenta anos. E pensar que, em países como Japão e China, dentre outros, os idosos são ouvidos, respeitados, valorizados, reconhecidos.
Em vez de atitudes ignorantes, vale dialogar com o idoso, conhecer-lhe as necessidades e angústias, e ajudá-lo a passar por este momento de pandemia. Valorizar o idoso é honrar o passado que rendeu vida ao presente.
Em momentos de crise, a essência das pessoas se revela. “Tudo isso vai passar” – temos ouvido à exaustão. De fato, a pandemia passará, mas a impressão deixada, neste período, por indivíduos e seus grupos jamais passará.