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Tratamentos associados à síndrome da dor trocantérica

Nas últimas colunas, explicamos que a dor ciática pode ter origem em lesões crônicas presentes no quadril

Dr. José Fábio Lana
Publicado em 03/01/2012 às 11:02Atualizado em 17/12/2022 às 07:42
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Nas últimas colunas, explicamos que a dor ciática pode ter origem em lesões crônicas presentes no quadril, quando é chamada de síndrome da dor trocantérica (SDT), e não sempre em problemas da coluna, como é feito o diagnóstico muitas vezes. Falamos também sobre as possíveis causas dessa síndrome.

Estudos observacionais mostram que, na maioria dos casos, a síndrome está associada a outras comorbidades.

A maioria dos casos de SDT tende a se resolver com medidas conservadoras, como o uso de anti-inflamatórios não-hormonais, gelo, perda de peso, fisioterapia, fortalecimento muscular dos glúteos e modificação dos hábitos de vida, que visam a melhorar a flexibilidade, o reequilíbrio muscular, a função articular e a diminuição da dor. Essas medidas permitem que o paciente se mantenha ativo e possa levar a uma recuperação eficaz.

Quando essas intervenções não são suficientes, a aplicação de anestésico local e corticosteroides guiada por ultrassom tem sido considerada como uma boa opção para proporcionar o alívio da dor, com taxas de resposta variando de 60% a 100%. Os efeitos colaterais dos corticoides são o ponto negativo desse tratamento. Em um estudo aberto observacional, Shbeeb e colaboradores constataram eficácia de injeções de corticoide em 77% dos pacientes, após uma semana, e em 61%, após 6 meses. Houve, portanto, falha no tratamento com injeção de corticoide em quase 40% dos pacientes.

A persistência dos sintomas e a injeção de anestésico local podem indicar outras etiologias, incluindo o envolvimento de bursas, tendinite, ruptura dos tendões do quadril, síndrome do piriforme, imprecisão na aplicação local, levando à recorrência dos sintomas. Em pacientes que obtiverem em curto prazo alívio com a infiltração de anestésico local, mas não conseguem benefício a longo prazo com corticosteroide, há possibilidade de causas não-inflamatórias, tais como processo degenerativo tendinoso e intra-articular.

Causas não-inflamatórias pressupõem lesões agudas ou crônicas em diferentes tecidos, como músculo ou tendão, cartilagem (labrum) e artrose do quadril. Sinais da síndrome do Impacto do quadril devem ser procurados e diagnosticados.

Cada tipo de tratamento irá corresponder a determinado diagnóstico diferencial, que pode inclusive envolver mais de um tipo de tratamento. Somente um especialista está habilitado a isso, após realizar exames de palpação, avaliação de movimento, da amplitude articular e a análise minuciosa de imagens, inclusive em tempo real, como as de ultrassom ou radioscopia. A Ressonância Magnética poderá nos fornecer um bom diagnóstico desde que confirme o exame clínico e de bloqueios diagnósticos.

Tais diagnósticos podem ser tratados com viscossuplementação (aplicação de um gel de ácido hialurônico) e até mesmo plasma rico em plaquetas (PRP).

Quando a recorrência de dor lateral do quadril se desenvolve após já ter tido uma boa resposta anteriormente, as injeções podem ser repetidas. O tratamento cirúrgico é defendido em pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais, podendo envolver a retirada das bursas (bursectomia artroscópica), ressecção de osteófitos e saliências ósseas (impacto) e até o reparo tendinoso. A artroscopia do quadril deve ser sugerida como diagnóstico e tratamento da dor lateral do quadril.

Referências

Meknas K, Johansen O, Kartus J. Retro-trochanteric sciatica-like pain: current concept. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 2011; 19:1971-85.

Williams B, Cohen SP. Greater Trochanteric Pain Syndrome: A Review of Anatomy, Diagnosis and Treatment. Anesth Analg 2009; 108(5):1662–70.

 

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