ARTICULISTAS

Regiões Metropolitanas 1

Luiz Gonzaga de Oliveira
Publicado em 09/09/2013 às 10:50Atualizado em 19/12/2022 às 11:11
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Entendo ser salutares, altamente profícuas, cidades de áreas contíguas aliarem-se em favor de desenvolvimento municipalista, principalmente em atos reivindicatórios junto às esferas estaduais de poder, mando e decisão, favorecendo-as em bloco, cujos limites não se estendam a menos de 50 Km da distância umas das outras. Exemplos estaduais de “regiões metropolitanas” destacam-se Belo Horizonte, capital do Estado e ao seu redor Contagem, Betim, Nova Lima, Sabará, Barão de Cocais, Brumadinho, Caeté, Santa Luzia, Juatuba, Florestal, Vespasiano, Pedro Leopoldo, Sete Lagoas, Lagoa Santa, Confins, Esmeraldas, Igarapé e comunidades menores. Configura-se desta forma, a utilidade de uma cidade-polo como Belo Horizonte, comandar o crescimento e progresso regionais. De igual forma, a “região metropolitana” de Ipatinga e cidades ao seu derredor, Timóteo, Coronel Fabriciano, João Monlevade, Nova Era, Itabira, Rio Piracicaba, Antônio Dias, Inhapim, Iapu, Joanésia, Mesquita e outras de menor porte habitacional.

Cidades altamente progressistas, como Juiz de Fora, Governador Valadares, Montes Claros, pelo que se tem notícia, nenhuma delas, até hoje, propôs liderar regiões metropolitanas com as cidades vizinhas e adjacentes...

Eis que, quando senão quando, o Triângulo Mineiro, outrora tão esquecido pelo poder central, principalmente pelo Executivo Estadual, de um momento para outro, sem nenhuma razão de ser, ignorada e muito menos consultada a vontade popular, dois prefeitos aliados momentaneamente, mesmo em se sabendo da histórica rivalidade existente entre Uberaba e Uberlândia, querem nos impingir uma “região metropolitana” sem eira nem beira, desconhecendo-se as razões que levam essas escaramuças de “união”, ou melhor dizendo, troca de falsidade entre as duas principais cidades triangulinas...

Há meio século, Uberaba ostentava, orgulhosamente, uma série de títulos: “princesa de sertão”, “capital do Triângulo”, “capital mundial do Zebu”, “cidade universitária”, “metrópole estudantil do interior” e outros mais. Com advento da “quartelada de 1964”, de triste memória, com a ascensão de dupla política Rondon Pacheco-Homero Santos, Uberlândia ganhou fôlego fantástico, deixando rastros de luz atrasados, a então “maior metrópole triangulina”...

Distante 104 quilômetros uma da outra, somente nos últimos 40 anos tivemos o asfalto ligando Uberaba e Uberlândia e, só recentemente, em pleno século XXI, a duplicação do pequeno trecho citado que nos separa da poderosa vizinha...

Mais de 100 quilômetros é uma distância altamente razoável para que não tenhamos nenhum vínculo afetivo com aquela cidade. Verdade seja dita, a mútua antipatia de convivência, não nos autoriza a dar um abraço leal, sincero e honesto nos nossos vizinhos...

Neste trecho de pouco mais de 100 quilômetros, tempos apenas minguados postos de gasolina, muito cerrado e nada mais. Até o reflorestamento que, em tempos passados permeou a rodovia não existe mais. Como falar em “área metropolitana” com uma distância tão deserta como esta? Pergunto eu.

No norte do Paraná, cidades como Londrina e Maringá, outrora rivais de tirar o revólver uma para outra, têm a mesma distância entre Uberaba e Uberlândia. Apenas um detalhe fortalece aquela rica região paranaense: entre Londrina e Maringá existem doze – sim doze – cidades que se abastecem numa ou noutra, o que qualifica, sem medo de errar conceitos, a criação da “região metropolitana”.

Outra pergunta: o que levou Uberlândia a procurar Uberaba para essa espúria união, quando de “64” aos dias atuais, os governos estadual, federal e municipal só fizeram e tiveram atitudes que prejudicaram o nosso crescimento?

Uberlândia, hoje, jacta-se e é verdade, ser uma grande metrópole. Mais de 650 mil habitantes – dobro de nossa população – linhas, aéreas regulares para todas as partes do Brasil, parque industrial de dar inveja, centro do Brasil; detém o sistema de comunicação mais importante do interior do país, polo de atração turística dos mais conceituados, melhor estádio de futebol do interior brasileiro, sub-sede da Copa do Mundo de 2014 e Olímpiadas de 2016; qual a verdadeira razão e intenção – oculta – em associar-se a Uberaba neste momento?

Sabemos que as cidades de influência de Uberaba, as que ficam a menos de 50/60 quilômetros da gente são de baixo potencial industrial, comercial e agropastoril e perspectivas de baixo retorno a um investimento maior. Enquanto isso, as cidades de atração de Uberlândia envolvem Ituiutaba, Prata, Araguari, Catalão e Itumbiara, essas em Goiás, pois que estão duplicadas as ligações rodoviárias delas com a cidade vizinha. Comunicação aérea, atendimento médico-hospitalar, as principais redes de televisão, polo universitário de excelência, todos estão lá.

É indesmentível dizer que lideram o crescimento regional. A nossa contabilidade de progresso está no vermelho...

Só uma coisinha me encasqueta e me deixa com a pulguinha atrás da orelha: sem poder tirar de Belo Horizonte a coroa de capital de Minas Gerais, não estariam os políticos uberlandenses na firme determinação de reavivar o espírito separatista do Triângulo e Uberlândia como a capital de um novo Estado?

Confesso, uberabenses, não gostaria de ver Uberaba de cara pintada, lábios borrados de um péssimo batom vermelho, roupas folgadas, sapatos com bico prá lá de metro, deixando a caça cair em pleno picadeiro, rebolando com um bambolê de arame, cumprindo o ridículo papel de palhaço regional:

Acorde Uberaba!!!

Luiz Gonzaga de Oliveira

Jornalista Profissional

Mtb 3.684

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