A entrevista do jogador do Cruzeiro Futebol Clube, Tinga, após uma partida contra um time do Peru, calou fundo a alma das pessoas que lutam pela igualdade humana, que lutam pela fraternidade e contra a intolerância, seja ela de que origem for. As pessoas são criadas de uma maneira individualista. Não lutam e não compreendem que interesses coletivos não se opõem ao interesse individual de cooperação para um mundo melhor, mais humanizado e equilibrado.
O jogador disse: “eu trocaria todos os meus títulos”..., abaixou a cabeça e se emocionou quase que às lágrimas. Você não pode se deixar abater, abaixar a cabeça, Tinga, pois “negro é lindo, negro é amor, negro é amigo. Negro também é filho de Deus”. Orgulhe-se de você, de sua origem, da sua cor.
Quem deve chorar e um dia chorarão, lamentavelmente, são as pessoas de almas endurecidas, cuja escuridão cega, enegrece o bom senso, acaba com a brandura. Não têm coragem de se enfrentarem a si mesmos. Vivem do orgulho e da vaidade.
O ato sancionado pela regente, Princesa Isabel, a lei de nº 3353, tem o seguinte teor em seu art. 1º - “É declarada extinta a escravidão no Brasil”. Este ato de humanidade custou-lhe o trono. E a intolerância continuou. O negro foi declarado liberto sem ter para onde ir, sem ter nome e nem sobrenome, e continuou vivendo sob o jugo do homem branco, vivendo de favor, ou vagando com seus trapos rotos pelas estradas empoeiradas desse mundão de Deus.
Os versos do poeta mulato Castro Alves traduzem para o povo o quanto de cruel e desumano é o preconceito do branco em relação ao negro. Mas, pelo visto, a cor da pele é uma mancha repulsiva e sem nacionalidade. Brota como erva daninha, destruindo os brotos da concórdia e da igualdade que deve existir entre os seres humanos.
