Nosso país passa por um momento crítico. Estamos vivendo várias crises conjugadas, desencadeando efeitos extremamente danosos para a sociedade brasileira. Os escândalos envolvendo negociações obscuras entre detentores de cargos públicos e empresas tem provocado aos indivíduos uma verdadeira aversão à política. Condição, a meu ver, extremamente equivocada.
Num significado abrangente, política pode ser considerada um conjunto de regras e normas de uma determinada instituição. Ou ainda, a própria vida comunitária, a convivência em sociedade, ou a prestação de serviços que beneficiem outras pessoas, são exemplos de ações políticas, alicerçadas na espontaneidade abnegada e no ideal de servir.
Infelizmente, quando o assunto entra em pauta de discussão, vejo muitos indivíduos se mostrando avessos ao tema. Quantas vezes já ouvimos a frase: “Eu odeio política!!”. Fico muito triste quando me deparo com esse tipo de reação. Isso demonstra o quanto a sociedade necessita de evoluir no que se refere à política humana. O povo brasileiro precisa buscar a verdadeira personalidade cívica, para que incorpore uma opinião mais coerente e sedimentada. Para que assimile um nível de esclarecimento e discernimento razoáveis, no intuito de efetivamente contribuir para a construção de uma sociedade consciente de suas atribuições nesse contexto.
Entendo a revolta de todos em relação a tudo que estamos vivendo, principalmente relacionada à crise moral que enlameia a governança desse país. A podridão escancarada nos enoja. As justificativas dissimuladas são disparadas e atingem profundamente o peito daqueles que ainda querem ter esperança.
Mas é nesse momento e nesse ambiente que temos que reagir. Que cumprir nosso papel de verdadeiros soldados, defensores da verdadeira política, sem virar as costas para ela. Alimentarmos de ideias e atitudes próprias, com personalidade e análise séria, participativa e objetiva. Abstendo-se da alienação e da submissão incondicional a determinações simplesmente dogmáticas. Nós podemos recolocar essa nação nos eixos, desde que a sociedade entenda que para isso, cada um de nós necessita resgatar uma consistente e sólida personalidade cívica.
(*) Professor e Pesquisador da Universidade de Uberaba; Chefe de Gabinete da Prefeitura de Uberaba [email protected]