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Perigo do acúmulo

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 29/07/2022 às 18:51Atualizado em 18/12/2022 às 21:09
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A vida humana se relaciona com os bens materiais, porque eles são essenciais para preservação da vida. Mas podem também ser causadores de problemas, quando tratados de forma desequilibrada. Dizemos do perigo do acúmulo desnecessário e sem função social, o ter só por ter e sem perspectivas ou objetividade clara para o futuro. A pessoa acaba perdendo o sentido de sua própria existência.

Bens materiais desnecessários, no desequilíbrio do acúmulo, fazem a pessoa até perder a dimensão das “coisas do alto” e sua vida não ultrapassar o que foi acumulado. É justamente aquilo que diz a Palavra de Deus: “onde estiver o teu tesouro aí estará também o teu coração” (Mt 6,21). Na prática, quem acumula, sem a dimensão do bem comum, acaba sendo escravo de seus bens terrenos.

Na verdade, o acúmulo de bens materiais é uma insensatez, porque não garante uma vida humana longa e verdadeiramente feliz. Isto se agrava ainda mais quando esse acúmulo aconteceu de forma fraudulenta, com exploração e injustiça, afetando a consciência e a essência da pessoa, porque falta nela uma sabedoria mais elevada. Acúmulo que pode causar situações graves de autoestima e estresse.

Os bens materiais podem causar vaidade, falsa sensação de segurança e de estabilidade. Não são eles que trazem realização humana e felicidade. Por isto, não podemos simplesmente usar de todos os nossos esforços para trabalhar apenas para ajuntar tesouros e depois não poder usufruir. É construir fortunas e deixá-las para outros usar sem nunca ter trabalhado para adquiri-los.

É fundamental ter um olhar que vai além dos limites da vida terrena e poder visualizar uma dimensão mais sábia e duradoura da existência. Temos plena consciência de que tudo é passageiro. Essa realidade só não acontece com a sabedoria divina, com aquilo que construímos de bem comum para valorizar a natureza divinamente constituída e projetada para a solidez do futuro.

A eternidade feliz supõe renúncia dos mecanismos do mal, como atitudes egoístas, de ambição, orgulho, injustiça, violência e as investidas contra a vida. O caminho é desenvolver uma convicção pessoal de desapego aos bens materiais, da avareza causadora de muitas situações de desavenças sociais familiares. O ser humano é mortal, e no coração do homem rico pode não ter espaço para Deus.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

 

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