Meus amigos leitores, de repente fiquei velho. Não foram os 85 anos da semana passada
Meus amigos leitores, de repente fiquei velho. Não foram os 85 anos da semana passada, isto é biologia e eu já esperava. A velhice vem mesmo é de não ter mais as obrigações do trabalho que ocuparam a minha vida. Velho vai perdendo sua roda social e de trabalh alguns companheiros já tomaram passagem para a outra vida, outros vão perdendo as forças de viver, de passear, de sentar no jardim público, ver a humanidade passar, ter um amigo para trocar assuntos e as queixas porque “tá tudo errado no novo mundo”. Pois é, meu bom leitor, daí está porque escrevo estas crônicas... Leio coisas diversas, alguns amigos querem me matar por aí - imaginem que o Cristiano e o Joaquim me deram de presente para ler a biografia histórica de Santo Agostinho – um livro de 670 páginas... Bem, busco coisa mais atraente e chocante, jornais e televisão. Parece-me que a imprensa tem um prazer sádico especial: contar os desastres da vida. Um louco joga na terra um avião com 150 pessoas inocentes e a notícia se desdobra por uma semana. Notícias locais fúnebres também se repetem – a Petrobras explode histórias tristes de roubos e corrupções políticas, os conjuntos habitacionais da pobreza metropolitana vão contagiando o Brasil. Não me resisto em entristecer a crônica com coisa pior que desastre de avião na Europa - os desastres nacionais são além dos passageiros do avião. No mais simples e dolorido ponho a campanha governamental pela habitação e conjuntos populares. “Eles” lá de cima não falam, mas o seu projeto e intenção é criar o mais gigantesco curral eleitoral que o Brasil vem conhecer. Milhares, talvez já milhões de casas populares, representam o maior curral que o Brasil conheceu. A ideia é doar aos pobres (tem que ter título eleitoral) sua habitação familiar. Milhares de novos habitantes vêm pensando que com a casa vão receber água - luz - alimentação - educação, saúde e assistência de tudo. Na prática, as coisas são diferentes – muitos marginais e traficantes dominam a praça, a mãe de três filhos vê o marido trocá-la por peça nova, pelo vício de toda espécie. Médico, dentista, hospital, saúde... a fila é enorme e tarde. Uma explicação comum: tem gente demais, o governo dá a casa, mas você que se vire depois. E mande mais conjuntos, ali estarão sempre os interesses políticos e eleitorais, do vereador à Presidência da República. Vícios, roubos e mortes não interessam. Fecho o jornal, desligo a TV... tento dormir sem o sofrimento de pensar.