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Olhos de fé e olhos de amor

Difíceis os tempos atuais. Parece que as pessoas buscam mais o que é belo e atraente, ao invés de se interessarem pelo que é verdadeiro, não importando...

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 13:26
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Difíceis os tempos atuais. Parece que as pessoas buscam mais o que é belo e atraente, ao invés de se interessarem pelo que é verdadeiro, não importando se é certo e objetivamente reto. Perdeu-se o sentido da verdade objetiva e a busca do bem. Necessário, pois, discernir o verdadeiro do falso. Já no tempo de São Paulo, ele nos advertia a ter discernimento, conservando o que é verdadeiro (1º Tess 5, 21-22).

O jovem que dizia ao Cardeal de Milão não querer saber se o cristianismo ou o Evangelho é verdadeiro, pois isto não teria importância, dizia ele. O importante é que o Evangelho é belo! A beleza hoje parece ter mais aceitação do que a verdade.

Com esta posição subjetiva do jovem de Milão, não existe mais o certo ou errado. Não importa o pecado nem a norma moral objetiva. O belo, que se quer e procura, deve ser seguido, sem que ninguém possa objetar algo em nome de uma lei ou de Deus ou da Igreja ou da sociedade. É, pois, um desafio ao educador, aos pais e aos mestres querer apontar alguma regra ou norma objetiva. A lei absoluta é a da liberdade.

Por isto num esforço pedagógico, urge despertar o sentido da fé: aprender de novo, contra tudo que hoje está por aí, a palavra luminosa de Deus, que é o amor. Ter os olhos claros para enxergar nAquele que é o bem absoluto o que Ele nos manda praticar. É preciso ter olhos de fé. Quando iluminamos a nossa visão, despertam-se em nós “os olhos do amor”. Começamos a compreender o certo e o errado e daí passamos a viver de outra maneira, amando o dever e amando o bem. São os “olhos do amor”.

Penso que foi isto que o nosso Papa quis que se entendesse, quando disse lá na visita à África, que não se tem a solução de todo o problema da defesa da saúde, apenas com o uso do preservativo. A vivência do amor conjugal supõe e exige doação tão profunda e tão envolvente que a fidelidade seja de fato assegurada, sem risco da aventura amorosa. Penso ter sido isto o que Papa quis exprimir.

Não se pode esquecer a riqueza humana e sobrenatural do cristianismo, que é belo e atraente por sua doutrina divina. É fonte de significado e de vida hoje, como foi no passado. Se tivermos a claridade dos olhos da fé, teremos por certo um olhar de amor que nos leva às necessidades do mundo de hoje, a fim de encontrarmos o que é verdadeiro e realmente bom. Olhos de fé que nos abrem os olhos para o amor.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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