O tempo passa para todos. Na idade, nos bens materiais, nos sentimentos, nas oportunidades, nas ideias, nos ideais, nos preconceitos ou na extinção deles. Será que estamos preparados para a ação do tempo nas nossas vidas?
Vamos pensar que daqui um tempo, se ainda não estamos nele, caminhar um quarteirão já não vai levar apenas alguns minutos, talvez demore horas, ou nem vamos chegar a completar os passos.
Tomar café não será tão esporádico para os poucos adeptos a isso, será como um colírio para os olhos que ardem ao estar em contato por muito tempo com a luz da TV ou do computador. Vai incomodar se o seu corpo não tomar um “gole” sequer do “pretinho”.
Nosso rosto vai estar sempre com cara de segunda-feira. Cansado de um eterno domingo de folga do serviço que antecede o início de uma semana em que a sexta-feira é almejada a todo momento.
Alimentar-se será um desafio se a saúde não estiver do nosso lado. Exames de sangue e check ups com uma frequência maior do que a sensação de que estamos saudáveis.
Para as mulheres, as rugas se tornarão curvas para a maquiagem. Uma história em cada limite, um choro marcado perto dos olhos ou um sorriso eterno que contorna a boca.
Vamos alternando nossas preocupações com o que temos para hoje e com que vamos ter daqui uns anos. Estamos preparados? O dia a dia às vezes nos mostra que não.
Uma mulher de cinquenta e poucos anos ainda se preocupa com sua reputação ao ser paquerada por alguém. Mesmo solteira, ainda quer que sua imagem seja a melhor possível. Como o senso de pudor não se perdeu depois de tanto tempo. Entretanto, vemos jovens e adolescentes vivendo uma “imortalidade” ao que se diz respeito a caráter e o que o importa em tudo que vivemos?
O tempo passa e talvez não estar preparado para isso nos faça sofrer abalos sísmicos na nossa vida social, sentimental e familiar. Quem sabe não estar preparado seja o preparo da vida para nós.
(*) Jornalista
